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EUA: Subida do petróleo pode “transformar défice em excedente de 3% em Angola” – Consultora Eaglestone

O economista-chefe da consultora Eaglestone considera que a subida dos preços do petróleo pode transformar um défice orçamental de 2,2% num excedente de 3%.

O economista-chefe da consultora Eaglestone considerou esta quarta-feira à agência Lusa que a subida dos preços do petróleo é uma notícia positiva para Angola, podendo transformar um défice orçamental de 2,2% num excedente de 3%.

“O orçamento atual de 39 dólares por barril pressupõe um défice orçamental de 2,2% do PIB, mas fazendo uma análise de sensibilidade a diferentes preços médios para o resto do ano, constatamos que se o preço ficar nos 60 dólares, isso significa que as receitas públicas ficariam 27% acima das estimativas iniciais, o que se traduz num superávite de 3%”, disse Tiago Dionísio em declarações à Lusa. Comentando o impacto do aumento dos preços do petróleo nas contas públicas angolanas, o analista lembrou que o preço médio do barril de petróleo nos dois primeiros meses foi de 58 dólares e atualmente está nos 67, tendo mesmo ultrapassado a barreira dos 70 dólares já este mês, na sequência de um ataque na Arábia Saudita.

“A decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) de não aumentar a produção em abril fez com que as perspetivas sejam mais favoráveis este ano e vários analistas acreditam que o preço médio este ano possa ficar nos 70 ou 80 dólares por barril”, acrescentou o analista.

Certo é que “o preço de 39 dólares inscrito no Orçamento de Angola para este ano é bastante conservador e [uma subida face a esse valor] vai ter um efeito favorável nas contas públicas angolanas”, vincou. Esta melhoria na receita, apesar de não ser uma realidade certa, dá ao segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana “todas as condições para registar um superávite [excesso das receitas sobre as despesas] orçamental e terá efeitos positivos nas contas externas, já que o petróleo mais caro trará mais receitas, mais exportações, mais dólares que entram no país, contém a inflação, porque a taxa de câmbio não estará tão pressionada com contas externas mais favoráveis e dará menos perspetivas de desvalorização ao kwanza”, acrescentou o analista.

Questionado sobre o que poderá Angola fazer com um aumento possível de 30% nas receitas, Tiago Dionísio respondeu: “Depende das medidas que o Governo pretenda adotar, estou convencido que o dinheiro vai ser bem utilizado para continuar os esforços de consolidação orçamental, já que a dívida pública deverá ter ficado acima dos 130% do PIB no final de 2020, e por isso os esforços de consolidação das contas públicas terão de continuar”. Para além disso, concluiu, “é preciso continuar as reformas estruturais para melhorar a atratividade do país e trazer mais Investimento Direto Estrangeiro, mas tudo depende da atitude perante estas perspetivas que parecem que poderão materializar-se”.

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