Tinha 29 anos quando ficou viúvo e perdeu uma filha. Décadas depois, Joe Biden viu o seu filho mais velho morrer com um cancro, enquanto o seu outro filho lutava contra as drogas.
Apesar de ter uma carreira política extensa, Joe Biden sempre manteve uma figura discreta e reservada. Na política desde 1970, a vida familiar do advogado foi marcada pela tragédia, com a morte de dois dos seus filhos e a morte da sua primeira mulher, Neilia Hunter, a marcar um percurso atribulado.
Joseph Robinette Biden nasceu em Scranton, na Pensilvânia, a 20 de novembro de 1942. Filho de um vendedor de carros e de uma professora, aos dez anos mudou-se com os pais para New Castle county, no Delaware.
Formou-se em História e Ciência Política pela Universidade do Delaware, em 1965, e mais tarde entrou para a Syracuse University Law School, em Nova Iorque, onde recebeu o diploma em Direito, em 1968. Em 1966, quando ainda estudava Direito, Biden casou-se com Neilia Hunter, uma professora que conheceu em Nassau, nas Bahamas, durante as férias. O casal teve três filhos: Beau, Hunter e Naomi.
Após 1968, Biden regressou ao Delaware, onde exerceu advocacia até 1970, quando ingressou na política. Foi eleito para o Senado dos Estados Unidos em 1972, com apenas 29 anos, tornando-se um dos senadores mais novos na história norte-americana. Mas um trágico acidente traçaria aqui o início de uma vida pontuada por uma série de tristezas a nível pessoal. Seis semanas após ser eleito senador, a sua mulher e a filha mais nova, Naomi, morreram num acidente de carro. Os dois filhos, Beau e Hunter, que também seguiam no carro, ficaram gravemente feridos.
Passadas muitas décadas, Biden recordou o acidente num discurso perante familiares de militares que perderam a vida em combate: “Seis semanas após ser eleito, todo o meu mundo mudou para sempre. Enquanto estava em Washington, recebi um telefonema. A minha mulher e os meus três filhos estavam a fazer compras de Natal, um camião atingiu-os e matou a minha mulher e a minha filha e não havia certezas se os meus filhos sobreviveriam”.
Embora tenha pensado em abandonar a sua carreira política, Biden foi persuadido a ingressar no Senado em 1973 e foi reeleito seis vezes pelo estado do Delaware. Enquanto senador, dedicou-se às relações internacionais, à justiça criminal e a políticas antidroga.
O seu filho mais velho, Beau Biden, que tinha quatro anos quando a sua mãe e a sua irmã morreram, seguiu as pisadas do pai na política e na advocacia. Em 2008, alistou-se no exército e cumpriu serviço militar durante um ano no Iraque, tendo regressado aos Estados Unidos em 2009. Mas a tragédia voltou a bater à porta da família Biden. Em maio de 2010, Beau deu entrada no hospital em Newark, no Delaware, queixando-se com fortes dores de cabeça, dormência e paralisia. Apenas anos mais tarde, em 2013, seria diagnosticado com um tumor no cérebro, do qual acabaria por morrer em 30 de maio de 2015, aos 46 anos.
Hunter Biden é o único filho vivo de Joe Biden com Neilia Hunter. Casou-se com Kathleen Buhle em 1993, com quem teve três filhas. O casal separou-se anos depois e Hunter manteve um caso durante dois anos com a sua cunhada Hallie, viúva de seu irmão Beau, que terá terminado em abril de 2019. Além de um historial amoroso polémico, o filho de Joe Biden passou décadas a lutar contra o vício do álcool e das drogas, chegando a ser dispensado das suas funções na Marinha dos EUA em 2014, após lhe ter sido detetada cocaína em análises ao sangue. O advogado e consultor de investimentos foi ainda alvo de escrutínio este ano, durante a corrida do pai à cadeira presidencial. Em plena campanha eleitoral, Donald Trump acusou Hunter de estar envolvido num alegado caso de desvio de fundos provenientes da Ucrânia.
Diante de uma vida tumultuosa, Joe Biden encontrou um porto seguro em Jill Jacobs, com quem se casou em 1977. Professora de profissão, Jill não abandonou o seu trabalho numa Universidade da Virgínia, apesar das suas obrigações institucionais quando o seu marido foi vice-presidente durante a administração Obama. O casal tem uma filha, Ashley Biden, e mantém-se junto há mais de quatro décadas.