Um homem foi assassinado e sete pessoas foram feitas reféns, esta quinta-feira, 03, no município de Cacuaco, em Luanda, durante um assalto no interior de uma viatura por alegados falsos taxistas.
Ao Novo Jornal chegou o relato de uma jovem que diz ter vivido horas de terror a bordo do falso táxi. Mais de 24 horas depois do ocorrido, o crime ainda não tinha chegado ao conhecimento dos Comandos Provinciais de Luanda e Bengo da Polícia Nacional (PN), confirmou ao início desta tarde, ao Novo Jornal, o inspector-chefe Nestor Goubel, porta-voz da corporação que prometeu que as autoridades vão investigar o caso. Um morto e sete pessoas raptadas durante assalto no interior de um falso táxi em Luanda – Relato de jovem descreve ambiente de terror, mas autoridades dizem não ter conhecimento do crime.
A denúncia deste acto criminoso foi partilhada nas redes sociais por uma das vítimas, Joice Gonçalves Buima, 20 anos, estudante do ensino médio do curso de Ciências Económicas Jurídicas, que terá sido agredida e ameaçada de morte pelos assaltantes.
O assalto terá acontecido pouco antes das 15:00 desta quinta-feira, quando os oito jovens que se encontravam no interior de um táxi, vulgo quadradinho, que fazia a rota do São Paulo para a Vila de Cacuaco.
A jovem descreveu o terror que viveu, e revelou que os assaltantes os levaram para a província do Bengo, concretamente até ao município do Dande, num dos subúrbios daquela localidade, onde os criminosos atiraram o corpo que de um jovem que terá sido assassinado com uma faca de cozinha após recusar entregar o telemóvel.
“Éramos quatro pessoas, apanhámos um táxi que estava chamar para a Vila de Cacuaco, o jovem que estava como cobrador tinha dinheiro nas mãos e parecia ser um táxi normal. Não suspeitámos de nada, porque não tínhamos como suspeitar porque no interior da viatura já havia outros passageiros”, disse, sublinhando que durante o caminho, uma das jovens que estava no interior da viatura com ela, disse ao suposto cobrador que devia descer na paragem da Comarca Central de Luanda (CCL).
“A jovem disse, “gerente eu vou descer na paragem da comarca”. Quando chegámos à paragem onde a jovem devia ficar, ela disse “moço, eu vou ficar aqui”, o cobrador respondeu, “cala boca e não diga nada”… e continuámos a marcha -, durante o trajecto escondemos os nossos telemóveis nos sapatos. Ao chegar à ponte azul de Cacuaco nos receberam tudo, as pastas e os telemóveis”, conta, salientando que um dos jovens – que acabou por morrer – não quis entregar o telemóvel aos assaltantes. Joice Gonçalves Buima descreveu que o jovem, só resistiu ao assalto porque notou que ao longo da via havia um aparato policial e quando se aproximaram do local onde se encontravam os agentes da Polícia Nacional (PN), o mesmo começou a gritar, mas não lhe adiantou de nada porque os efectivos da PN não se aperceberam da situação.
“Quando passámos o local onde se encontrava a polícia, o cobrador pegou numa faca de cozinha e esfaqueou o jovem sem dó nem piedade”, relatou, acrescentando que ela e mais duas jovens também sofreram agressões mesmo sem ter reclamado.
“Após assassinarem o jovem, eu e mais duas jovens também fomos agredidas pelos assaltantes. O motorista do Hiace disse ao cobrador para nos calar a boca: “pega na arma começa a matar uma por uma para não nos dar trabalho até chegar ao nosso destino”, contou a rapariga, destacando que ao longo do percurso entraram num bairro suburbano, estranho, que está situado depois da ponte do município do Dande.
“Quando chegámos, o motorista disse ao cobrador “atira o corpo fora”, o cobrador abriu a porta… escorria muito sangue, e atirou o corpo num sítio isolado. Depois de o mesmo atirar o cadáver do jovem, deixaram a porta aberta e desceram do carro para conversar, e ficaram a 20 metros da viatura. Eu e as demais pessoas que estavam no interior da viatura saímos e corremos desorientados em busca de ajuda”, afirma.
Perante este relato, o Novo Jornal contactou os comandos provinciais de Luanda e do Bengo da Polícia Nacional e o Serviço de Investigação Criminal (SIC) geral, que, garantiram que não receberam nenhuma denúncia que fizesse referência a este crime.