Fundo Soberano de Angola (FSDA) perdeu “3,5 mil milhões de dólares” com investimentos não recíprocos

De cinco mil milhões de dólares em 2017, o Fundo Soberano de Angola (FSDA) tem agora 1,5 mil milhões de dólares e especialistas apontam falhas na sua execução.

O Fundo Soberano de Angola (FSDA) que em 2017 tinha um investimento líquido avaliado em 5 mil milhões de dólares americanos tem na atualidade um investimento avaliado em 1,5 mil milhões de dólares.

Analistas consideram que o Fundo Soberano de Angola (FSDA) foi desvirtuado do fim para qual foi criado, enquanto o Executivo justifica a redução desse investimento com a guerra na Ucrânia.

Criado há mais de 10 anos pelo Governo de José Eduardo dos Santos com um capital líquido de 5 mil milhões dólares, o Fundo foi abalado pelos escândalos que envolveram os seus principais gestores, entre eles José Filomeno dos Santos, filho do então Presidente da República.

Desde então, pouco ou quase nada se diz dos investimentos deste Fundo criado para salvaguardar as gerações futuras.

O economista e coordenador do Centro de Investigação Económica da ULA, Heitor Carvalho considera que “perdeu toda expressão … e o Fundo foi desbaratado, um Fundo que supostamente era a garantia da partilha dos benefícios do petróleo para a geração futura, não estava disponível para qualquer utilização pela geração presente, mas, infelizmente, foi completamente”.

O valor que continha o Fundo foi descaminhado para fins fora do objetivo, para o qual foi criado, e nem a Assembleia Nacional tomou conhecimento do que foi feito, segundo o economista e parlamentar David Kissadila, da UNITA.

“Este dinheiro foi transferido para o Programa Integrado de Intervenção nos Municípios, está a ser usado sem anuência da Assembleia Nacional, não há qualquer prestação de contas que possa garantir que mesmo este valor esteja a ser usado na sua totalidade desviou-se automaticamente os objetivos de que foram criados,, praticamente o Fundo deixou de existir”, sublinha.

Citado pela imprensa recentemente, o presidente do Conselho de Administração do Fundo Soberano de Angola, Carlos Alberto Lopes, afirmou ter havido uma quebra no investimento no ano passado devido ao impacto da guerra na Ucrânia.

O presidente da Associação Industrial Angolana (AIA) é de opinião que deve haver mais transparência.

“Ao abrigo da legislação angolana é preciso que haja mais apresentação
de contas, nós não conhecemos, precisamos que o Fundo Soberano apoie mais a micro-economia, por isso é preciso mais exposição pública e mais
relatórios”, sublinha José Severino.

Por seu lado, o jurista e especialista em Finanças Públicas e antigo deputado é de opinião que o “Fundo Soberano começou a pagar despesas correntes, quando não devia, começou a ser utilizado para campanhas eleitorais e conveniências políticas e acabaram por desvirtuar completamente o objecto pelo qual foi criado”.

O economista Nataniel Fernandes considera que o Fundo Soberano tem apenas existência legal e “é um Fundo sem qualquer fundo praticamente”.

A nossa redação tentou, sem sucesso, ouvir alguém do Fundo Soberano de Angola (FSDA).

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