Governador do Banco Central de Angola (BNA) mostrou-se “expectante” com melhoria da inflação no curto prazo

O Governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel Tiago Dias, desvalorizou hoje a subida dos preços em agosto, que disse ter sido limitada a alguns produtos e mostrou-se “expectante” numa melhoria a curto prazo.

“Estamos expectantes que a situação venha melhorar no curto prazo”, afirmou, numa conferência de imprensa, no Sumbe (Cuanza Sul), após a reunião do Comité de Política Monetária (CPM), em que o BNA decidiu manter inalteradas as suas taxas de juro diretoras.

Para a melhoria da situação vão contribuir fatores como a redução do IVA nos bens alimentares e a relativa estabilidade da taxa de câmbio, disse, realçando que a moeda angolana (kwanza) tem estado estável nos últimos 77 dias, o que deverá ter “um impacto positivo” no comportamento dos preços.

Além da taxa BNA, que se manteve nos 17%, ficaram inalteradas a taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez, em 17,5%, e a taxa de juro da facilidade premente de absorção de liquidez, em 13,5%.

O governador do BNA justificou a decisão de manter as taxas de juro com o facto de o Comité de Política Monetária considerar que o aumento de preços observado em agosto “se deveu a fatores sazonais e à insuficiência da oferta de bens e serviços num contexto em que a procura interna se manteve reprimida e a taxa de câmbio relativamente estável”.

Contribuiu também para esta decisão “o pressuposto de que o comportamento da inflação continuará a ser determinado fundamentalmente por fatores sazonais e desequilíbrios entre a procura e a oferta”, mas também pela redução da subsidiação do gasóleo.

Por isso, respondeu aos jornalistas, era expectável que houvesse nos meses de julho e de agosto uma inflexão no comportamento dos preços, apesar de apontar “alguns fenómenos que acabam por (…) surpreender”, como a subida dos preços de inscrições e matrículas antes de setembro, quando foi publicado o diploma relativo ao ajustamento dos preços.

A inflação em Angola manteve em agosto a trajetória ascendente iniciada em maio, acelerando para 13,54% em termos homólogos e 2,04% em termos mensais, sobretudo devido à subida dos preços nas rubricas da educação, alimentos e transportes.

“O que se nota é que a inflação de agosto foi influenciada por um número bastante limitado de produtos”, ou seja, 24 produtos num conjunto de 732 bens e serviços do “cabaz” usado para as estatísticas, acrescentou.

Manuel Tiago Dias expressou preocupações sobre a dinâmica da economia mundial, “que vem dando cada vez mais sinais de abrandamento, refletidos nos dados referentes ao segundo trimestre de 2023”, bem como as perspetivas pouco animadoras das economias chinesa e da Zona Euro.

Em termos internos, no domínio monetário, a base monetária registou uma contração de 0,13% em termos mensais e 8,75% em termos homólogos, enquanto o agregado monetário M2 (moeda nacional) expandiu 3,72%.

O saldo superavitário da conta de bens fixou-se em 12.665 milhões de dólares (cerca de 11,9 mil milhões de euros) nos oito primeiros meses, contra 24.490 milhões de dólares (perto de 23 mil milhões de euros) registados no mesmo período do ano anterior, ou seja, uma redução de cerca de 48%, refletindo uma redução de 26% nas exportações.

O stock das reservas internacionais fixou-se em 14.000 milhões de dólares (cerca de 13 mil milhões de euros) em finais de agosto, uma cobertura de 7,5 meses de importações.

A próxima reunião do CPM acontece em Luanda a 20 e 21 de novembro.

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