Presidente do Sindicato dos Médicos de Angola denuncia que profissionais foram impedidos de garantir os serviços mínimos. Adriano Manuel acredita que um acordo com o Ministério da Saúde é possível se houver cedências.
Os médicos angolanos estão em greve há 16 dias. Os profissionais protestam contra o “incumprimento dos acordos assinados” com as autoridades para a melhoria das condições de trabalho, aumento salarial, pagamento de subsídios, segurança entre outros pontos.
O Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA) denunciou esta terça-feira (05.04) que os profissionais estão a ser impedidos de entrar nos hospitais onde garantem os serviços mínimos, alegadamente por orientação das autoridades sanitárias,violando a lei da greve.
A denúncia foi apresentada pelo presidente, Adriano Manuel, que, em entrevista à DW África, desvaloriza a medida e garante que os médicos vão continuar a fazer o seu trabalho, apesar das “ordens superiores” em contrário.
Adriano Manuel afirma também que, nos próximos dias, haverá um encontro para negociar o fim da greve. Para já, o sindicato diz que a paralisação é para manter.
DW África: Qual o ponto de situação da greve dos médicos nos hospitais um pouco por todo o país?
Adriano Manuel (AM): Os médicos querem manter a greve, independentemente da pressão que a classe médica tem estado a sofrer, nomeadamente por parte de alguns diretores dos hospitais, que têm estado a extrapolar o ordenamento jurídico angolano, pressionando as pessoas a irem trabalhar e penalizando quem não vá trabalhar. De qualquer forma, os médicos angolanos decidiram manter a greve independentemente dessa pressão.
O Governo de Angola decidiu que vai retirar os salários dos médicos que aderirem à greve, e os médicos preferiram ficar sem os salários e continuar em greve até que os problemas estejam resolvidos: a questão da melhoria das condições de trabalho, bem como a melhoria das condições sociais e salariais.
DW África: É o 16º dia de greve dos médicos. Como estão a ser garantidos os serviços mínimos se os médicos em greve estão a ser impedidos de entrar nos hospitais?
AM: Os médicos em greve foram impedidos de entrar, mas nós vamos continuar a trabalhar. Vamos esperar [o Ministério ou as instituições hospitalares] dizerem que os médicos não podem entrar. Aí sim, vamos tomar outras medidas, de certeza absoluta.
DW África: Na sua denúncia afirma que são as direções dos hospitais, em concertação com o Ministério da Saúde, que estão a impedir esse regresso dos médicos em greve. É um sinal de que as duas partes estão longe de chegar a um entendimento?
AM: Nós acreditamos que, nas próximas 48 ou 72 horas, nos vamos reunir. Estamos à espera que o Ministério da Saúde aborde o sindicato e vamos continuar a negociar, porque há todo o interesse, tanto do Ministério da Saúde como do sindicato, que a greve termine o mais rápido possível.
DW África: Acredita que um acordo é viável?
AM: Acreditamos que o acordo é viável se houver vontade política por parte do Governo. Não há nada que não se possa ultrapassar.
DW África: Na mesa das negociações, qual das partes terá que ceder para que se chegue a esse acordo, de interesse nacional?
AM: Eventualmente, as duas partes. Mas friso que é necessário que o Governo faça cedências.