João Lourenço: “Oposição está pior que anos atrás e não há empresas protegidas”

O Presidente angolano negou o favorecimento de empresas consideradas próximas do poder nas empreitadas lançadas pelo Governo e considerou ser uma vergonha o empresariado nacional não conseguir ter acesso a uma linha de crédito de mil milhões de dólares no Deutsche Bank, na Alemanha, aberta há três anos. Presidente angolano defendeu o processo de adjudicação de obras, refutou favoritismo e disse ser uma vergonha o empresariado não conseguir créditos.

Numa entrevista a cinco meios de comunicação seleccionados pela Presidência angolana, nesta quinta-feira, 6, João Lourenço afirmou que a oposição está “pior do que nas eleições anteriores” e por saber que não pode ganhar o MPLA a UNITA recorreu a uma coligação.

“Isso só significa dizer que, se calhar, estão pior do que estavam uns anos atrás, nas eleições anteriores”, afirmou o Presidente questionado sobre a Frente Patriótica Unida lançada pela UNITA, BD e o projecto Pra-Já Servir Angola, e lembrou que nas eleições de 1992 “diziam que o MPLA não tinha hipótese, pelo simples facto de, até àquela altura, ter sido partido único”.

Ainda em relação à oposição, particularmente a UNITA, João Lourenço estimou que “continua a haver essa má avaliação do teatro das operações”.

Prioridade é diversificação da economia nacional

Apesar de ter apontado desde a primeira hora a luta contra a corrupção como um dos grandes objectivos do seu mandato, que está no último ano, o chefe de Estado angolano considerou hoje que a diversificação da economia e a criação de um bom ambiente de negócios são os eixos da sua governação, mas que o combate à corrupção “é uma exigência para um bom ambiente de negócios” em Angola.

No capítulo empresarial, ele considerou ser “uma vergonha” que o empresariado angolano não tenha aproveitado uma linha de crédito aberta há três anos no Deutsche Bank, na Alemanha, no valor de mil milhões de dólares.

“Qual a imagem que estamos a passar lá para fora?!”, perguntou Lourenço e desafiou as empresas angolanas a se organizarem de forma a poderem aceder a esta verba para investir na economia nacional.

João Lourenço negou, por outro lado, que o processo de privatizações de empresas e a adjudicação de obras estejam a beneficiar empresas próximas do poder, como tem sido apontado pela oposição e por vários observadores.

Não há “empresas protegidas” que recorrem a dinheiro do Estado

Na conversa com os jornalistas, Lourenço falou detalhadamente do relacionamento do Estado angolano com as empresas Gemcorp, Omatapalo, Mitrelli e Leonor Carrinho e assegurou que a maior parte das empreitadas de obras publicas, não está nas mãos destas empresas, mas sim de empresas chinesas.

“As empresas chinesas detêm a maioria das obras públicas no país, não apenas pela quantidade de obras públicas que executam como pelo valores avultadíssimos que essas obras representam. Não é nenhuma dessas empresas que está a construir a barragem do Caculo-Cabaça ou o aeroporto de Luanda. Não é nenhuma dessas empresas que está a construir o Porto do Caio”, afirmou João Lourenço.

Numa alusão ao passado, a “empresas protegidas”, que, segundo Lourenço, concentravam os negócios do Estado e que “iam às empresas públicas, Sonangol, Endiama, Sodiam, até ao BNA foram, buscar dinheiro do Estado em condições muito pouco claras”.

“Daí a razão dos processos que estão em curso”, acentuou o Presidente em referência aos casos na justiça.

Para João Lourenço, as empresas atrás citadas “não vão buscar dinheiro às empresas públicas” e algumas, como a Omatapalo, tem ajudado o Estado “avançando com as obras sem receber um tostão do Estado”.

A entrevista de João Lourenço foi concedida, por escolha da Presidência, aos jornais Expansão, Jornal de Angola e País, à TV Zimbo, à agência portuguesa Lusa.

 

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