Jornalistas angolanos vão apresentar queixa contra Serviço de Investigação Criminal (SIC) por “agressões físicas e psicológicas”

Um grupo de jornalistas angolanos vai apresentar queixa-crime contra efetivos do Serviço de Investigação Criminal (SIC), alegando terem sido submetidos a agressões físicas e psicológicas durante uma reportagem.

Em causa está a detenção, durante mais de duas horas, de 10 pessoas, entre as quais sete jornalistas, quando se encontravam em serviço em frente às instalações daquele órgão do Ministério do Interior (MININT) de Angola, em Luanda.

O incidente teve lugar na quinta-feira (08.12) e envolveu sete jornalistas do jornal e TV ‘online’ Hora H, jornal ‘online’ 24 Horas, TV Maiombe e TV NZinga, igualmente órgãos digitais, que tentavam entrevistar a mãe de um jovem detido. Na altura, foram também detidos um motorista e dois irmãos do jovem.

Segundo o diretor do jornal Hora H, Escrivão José, os efetivos usaram a força para que os jornalistas abandonassem o local, sublinhando que durante mais de duas horas foram “submetidos a torturas psicológicas e físicas” na esquadra.

Escrivão José relatou à Lusa que ao fim de duas horas, o diretor adjunto do Serviço de Investigação Criminal (SIC) ordenou que fossem levados à sua sala e, diante dos seus efetivos, pediu desculpas pelo sucedido e ordenou que fossem postos em liberdade. Para o jornalista, os agentes do Serviço de Investigação Criminal (SIC) “agiram de má-fé, agredindo todos os colegas que estavam ali”.

Versão do Serviço de Investigação Criminal (SIC)

O porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Manuel Halaiwa, contou outra versão dos acontecimentos e disse que os jornalistas não foram detidos, mas “retidos”.

“Apresentaram-se junto da direção geral do Serviço de Investigação Criminal (SIC) no período das 11:00 supostamente para fazerem uma cobertura a um grupo de indivíduos que vinha tirar satisfações sobre a detenção de um seu familiar”, indicou.

Segundo o responsável, a forma como os jornalistas se apresentaram diante das instalações do Serviço de Investigação Criminal (SIC) “não foi a mais adequada”, pois “chegaram com um grupo de indivíduos e decidiram recolher imagens e fazer entrevistas” aos supostos familiares do detido, sem contactar previamente a instituição.

Ao ser interpelados pelos efetivos do Serviço de Investigação Criminal (SIC) , “reagiram de forma enérgica”, o que resultou em “desentendimento” e “para esclarecer os factos, todos foram recolhidos para o interior do edifício”.

Acrescentou que o detido está indiciado por crimes de incitação à violência e posse ilegal de arma de fogo e produziu um vídeo divulgado nas redes sociais, com uma arma, fazendo ameaças “a uma suposta pessoa que vai tirar do caminho” o que levou o SIC a atuar.

 

 

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