Juíz Joel Leonardo “coloca-se em fuga” após ser alertado da execução de um mandado de busca e apreensões da Procuradoria-Geral da República (PGR)

O Juiz-conselheiro presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo, colocou-se em fuga, na sexta-feira, 10, após ser alertado de uma acção envolvendo técnicos da Procuradoria-Geral da República (PGR), avançou o Club-K, citando fontes da corte suprema angolana.

Na manhã desta sexta-feira, por volta das 10h00, técnicos afectos à Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP) da PGR executaram um mandado de busca e apreensão contra o juiz Joel Leonardo, na sequência do inquérito solicitado pelos membros do Plenário do Tribunal Supremo, por suspeitas da alegada prática de vários crimes, incluindo peculato, venda de sentenças e corrupção.

Os técnicos da DNIAP foram recebidos no Tribunal Supremo pelo secretário-geral da instituição, Altino Kapala Kayela, que, ao ser abordado, exigiu àqueles a apresentação da cópia do ‘competente mandado’ que os autorizava a realizar as buscas e apreensão naquela corte.

Instantes depois, e sem que alguém se tivesse apercebido, o secretário-geral do Supremo, que havia solicitado alguns minutos aos técnicos da PGR, desapareceu ‘misteriosamente’ da instituição, sem dar satisfações adicionais aos colegas do tribunal ou mesmo aos homens da DNIAP.

Como deixou de frequentar o seu gabinete no Tribunal Supremo a 27 de Fevereiro deste ano — quando a polémica à volta do seu nome já havia subido de tom na imprensa angolana —, os técnicos da PGR acabaram por não encontrar Joel Leonardo durante a execução do referido mandado.

No entanto, fontes do Club-K disseram que Altino Kapala Kayela, após abandonar as instalações da corte suprema às pressas e de forma sub-reptícia, teria ido alertar Joel Leonardo, que se encontrava a trabalhar no edifício onde funciona o Conselho Superior Magistratura Judicial (CSMJ), nas proximidades da antiga Assembleia Nacional.

Tido como um dos ‘homens fortes’ de Joel Leonardo, por ser familiar e secretário-geral daquele tribunal, Altino Kapala Kayela foi ainda  a tempo de manter um rápido encontro com Joel Leonardo, para o alertar da presença dos técnicos da DNIAP na sede do Tribunal Supremo.

Entretanto, antes de abandonar a sede do CSMJ, Joel Leonardo teria dado instruções aos funcionários daquela repartição para que, em caso de solicitação dos técnicos da PGR, não prestarem quaisquer informações relacionadas consigo.

Quando os técnicos da PGR lá chegaram, a primeira exigência foi a de que o documento teria de estar rubricado com a assinatura do procurador-geral da República, Hélder Fernando Pitta Gróz, por conta do foro privilegiado do visado. As orientações teriam sido dadas pelo próprio juiz Joel Leonardo, antes de abandonar o local.

Na sequência da execução do mandado, como nenhum dos funcionários se predispôs a mostrar a sala onde funcionava o gabinete de Joel Leonardo, quatro delas acabaram seladas, mas antes os técnicos da PGR ouviram que “nenhum daqueles funcionários estava autorizado a prestar tais informações, temendo que fossem depois penalizados pelo juiz”.

 

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