As Transações no mercado de capitais angolano atingiram, até agosto, 907,33 mil milhões de kwanzas (2,2 mil milhões de euros), das quais cerca de um terço negociados no mês passado, anunciou um responsável da Comissão do Mercado de Capitais.
Segundo Johny Soki, diretor do gabinete de estudos e estratégia da Comissão do Mercado de Capitais, o valor foi influenciado pelos mais de 300 mil milhões de kwanzas negociados em agosto, um recorde em termos de volume de negociação que teve a ver com “a política de suavização da dívida” posta em prática pelo Ministério das Finanças.
“O objetivo é ir substituindo instrumentos indexados à taxa de câmbio e outros de maturidades curtas por outros com maturidades mais longas para nivelar o perfil da divida”, explicou Soki, à margem de um encontro promovido pela Comissão do Mercado de Capitais.
As transações foram feitas entre a Unidade de Gestão da Dívida Pública representada pelo Banco Nacional de Angola (BNA) com os ‘players’ do mercado e registadas na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva) pelo que o impacto se refletiu no volume negociado, justificou.
Em 2021, o volume transacionado na Bodiva rondou os 800 mil milhões de kwanzas (1,9 mil milhões de euros).
Questionado sobre as razões pelas quais as empresas angolanas ainda não recorrem ao mercado de capitais como fonte de financiamento, optando sobretudo pela banca, considerou que se deve essencialmente ao facto de ainda terem pouca informação.
“As empresas e os investidores estão agora a descobrir o mercado de capitais, que existe este segmento, pelo que vamos tendo um crescimento paulatino”, sublinhou Johny Soki, adiantando que as empresas têm atualmente mais instrumentos para se financiarem, como emissão de ações e obrigações.
“São os veículos que as empresas recorrem quando querem receber financiamento de quem quer emprestar”, apontou.
“Hoje já é funcional, já temos uma empresa que foi buscar dinheiro via bolsa (o Banco Angolano de Investimento), com sucesso, temos um processo a decorrer (Banco Caixa Geral Angola) e temos um projeto de potenciação de emitentes para captar mais empresas”, disse Soki, admitindo que até ao final do ano mais empresas se venham a financiar desta forma.