Metro de Superfície de Luanda: “Um Luxo na miséria” – Floriento Cláudio

O Governo de Angola prevê arrancar com as obras do projecto de construção do Metro de Superfície de Luanda (MSL), no primeiro semestre de 2022, com uma extensão de 149 quilómetros, avaliado em 3,5 mil milhões de dólares americanos.

É bem verdade que a cidade capital, Luanda, precisa de projectos sofisticados como este, para atender e “aligeirar” os problemas de transporte que, apoquentam a mobilidade das pessoas e dos seus bens.

Atendendo o quadro socioecónomico actual, a implementação deste projecto (MSL) não constitui prioridade, comparativamente aos diferentes problemas que assolam o dia-a-dia dos angolanos.

Segundo um dos meus artigos (Factores da redução na popularidade do João Lourenço) do dia 22 de Dezembro de 2020, publicado no Club-K, realcei que o Presidente João Lourenço tem-se desviado das necessidades prioritárias ou básicas da população.

Com tantos problemas que vitimizam os angolanos, não se compreende, a decisão do Executivo relativamente à esse projecto. O país ainda tem problemas de base: alimentação, água potável, “hiperdesemprego”, saneamento básico, assistência médica e medicamentosa, entre outros.

Entretanto, nota-se que, o Executivo falha mais uma vez, na resolução de um dos problemas de organização económica (o quê produzir?). A resolução deste problema (dada a escassez de recursos relativamente às necessidades ilimitadas) consiste em determinar as necessidades que devem ser prioritariamente satisfeitas.

Portanto, concordo plenamente com os Fisiocratas, quando defendiam que a riqueza consistia em bens produzidos com ajuda da natureza em actividades económicas como a agricultura, a pesca e a mineração.

Na conjuntura actual, seria imperioso um investimento agroindustrial, a nível de cada província ou município do país. Isto permitiria maior absorção de mão-de-obra e possibilitaria a criação de riqueza de forma sustentável, pois se o valor orçado para a implementação do projecto de construção do MSL for repartido, “daria 194.444.444,44 (cento e noventa e quatro milhões e quatrocentos e quarenta e quatro mil e quatrocentos e quarenta e quatro dólares e quarenta e quatro cêntimos) e 21.341.463,41 (vinte e um milhões e trezentos e quarenta e um mil e quatrocentos e sessenta e três dólares e quarenta e um cêntimos) para cada província ou município, respectivamente. Isso já serviria para alguma coisa”.

Sendo o Chefe do poder Executivo, o presidente João Lourenço, devia ter uma visão holística do país e concentrar-se nos projectos que têm uma abrangência nacional, com um impacto positivo e visível sobre os problemas que assolam a vida quotidiana dos angolanos.

Implementar o projecto de construção do MSL e ignorar os variadíssimos problemas que devastam as famílias angolanas é, sem sombras de dúvidas, um luxo na miséria.

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