O Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) da Rússia anunciou hoje, em Luanda, que o seu país vai acolher em finais de julho próximo uma cimeira Rússia/África e destacou o papel do Presidente angolano para a paz no continente africano.
Serguei Lavrov deu conta que a próxima cimeira Rússia/África vai decorrer em São Petersburgo, realçando que a Rússia nas Nações Unidas vai “continuar a apoiar” as posições defendidas pelos próprios africanos no sentido de se encontrar soluções aos conflitos.
“As nossas posições desde o princípio sobre a cooperação no domínio internacional coincidem, nós defendemos os grandes princípios da ONU, nomeadamente o princípio da não-ingerência nos assuntos internos de cada Estado e da igualdade soberana dos Estados”, disse.
Falando hoje na sede do Ministério das Relações Exteriores angolano, em Luanda, no final das conversações entre as delegações russa e angolana, Lavrov defendeu também reformas e o alargamento da participação de países em desenvolvimento, sobretudo africanos, asiáticos e da América Latina, no Conselho de Segurança da ONU.
A Rússia “apoia os esforços da União Africana, da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) e o esforço de Angola, inclusive o esforço pessoal do Presidente João Lourenço, no sentido da pacificação de África”.
“E o Presidente Lourenço está a desempenhar um papel de particular importância na presidência da Conferência Internacional sobre Região dos Grandes Lagos”, frisou.
Em declarações aos jornalistas, ao lado do seu homólogo angolano Téte António, numa conferência de imprensa sem direito a perguntas, o ministro russo falou também sobre o conflito na Ucrânia e criticou os “esforços ocidentais no sentido de transformar a Ucrânia no palco da guerra híbrida contra o nosso país”.
“Também chamamos a atenção da Ucrânia por realizar uma política claramente colonialista contra os russos que vivem nesse país”, realçou, argumentando que a ofensiva do seu país visa proteger os russos que se encontram na Ucrânia.
“Precisamente para proteger essa população que se tornou alvo das ações ilegais a Ucrânia e, também, para a proteção da nossa própria segurança é que nós lançámos a operação militar sobre a qual partilhamos regularmente as informações com os nossos amigos”, rematou Serguei Lavrov.
As conversações “reafirmaram a importância do nosso diálogo aberto, no espírito da amizade”, acrescentou o responsável russo, convidando o seu homólogo a visitar a Rússia, para continuar as conversas.
Por seu lado, o ministro angolano, Téte António, seguiu uma linha de maior equidistância em relação à Ucrânia e referiu que a guerra “não tem tido consequência em toda humanidade, mas tem causado várias destruições e perdas de vidas humanas”.
“E, tendo em conta as nossas relações históricas com a Rússia e também a relação que temos com a Ucrânia, pensamos que aplicando aqui o princípio da não indiferença, defendido pela União Africana, e perante essas consequências da guerra, continuamos a apelar a uma solução negociada de diálogo e continuamos a defender a necessidade de um cessar-fogo”, insistiu o governante angolano.