O Economista-chefe da Consultora Eaglestone disse hoje à Lusa que prevê uma desvalorização do kwanza entre 5 a 10% face ao dólar este ano, acentuando a tendência que se regista desde outubro.
“Desde outubro o kwanza tem-se depreciado face ao dólar, e a evolução em 2023 dependerá das receitas petrolíferas e da conjuntura internacional, mas a tendência será de uma certa depreciação, eu diria uma depreciação média do câmbio de entre 5 a 10%”, disse Tiago Dionísio em declarações à agência Lusa.
Antecipando a evolução da moeda angolana este ano, o economista-chefe da Eaglestone disse que a expectativa do Governo é que o kwanza mantenha o valor atual, acima dos 500 kwanzas por dólar: “O Governo traçou meta para ter um rácio da dívida de 60% a longo prazo, e para isso é preciso manter a consolidação orçamental e isso implica um défice primário do setor não petrolífero de 5% do PIB”, explicou.
“Como o défice primário do setor não petrolífero fica acima deste valor, isso significa que o Governo está a contar com uma evolução favorável do kwanza, ou seja, que não haverá uma desvalorização significativa que afete este rácio”, apontou.
De acordo com os dados do Banco Nacional de Angola, o kwanza valorizou-se cerca de 10%, em média, em 2022, apesar da queda no último trimestre: no princípio de janeiro, a taxa de câmbio entre o kwanza e o dólar estava nos 554,9, e no princípio deste mês a taxa tinha melhorado para 503,6 kwanzas por dólar.
A valorização do ano passado segue a tendência de 2021 e contraria os anos anteriores, em que o kwanza perdeu valor devido à flexibilização cambial introduzida pelo Banco Nacional de Angola em 2018, quando deixou de controlar artificialmente a taxa de câmbio, permitindo um aproximação com o valor real da moeda angolana.