Até agora, João Lourenço foi o único a formalizar a sua candidatura à liderança do MPLA. O prazo de entrega termina hoje, mas o pré-candidato António Venâncio pede mais dias e questiona transparência do processo.
Quem aspira à presidência do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) tem até ao final do dia de hoje (05.11) para apresentar a sua candidatura. João Lourenço, atual líder do partido no poder em Angola e chefe de Estado, foi o primeiro e até agora o único a formalizar a sua candidatura.
Na quinta-feira (04.11), em exclusivo à DW África, António Venâncio pediu que o prazo seja alargado por mais dias. O ainda pré-candidato já enviou uma carta ao MPLA a contestar a forma como está a decorrer o processo.
Na missiva enviada à vice-presidente do partido, Luísa Damião, coordenadora da subcomissão de candidaturas ao VIII Congresso do MPLA, António Venâncio alega que foram registados vários condicionalismos em diversas províncias do país, sobretudo na região leste e no sul.
Militantes coagidos
Venâncio cita o caso de militantes que terão sido alegadamente coagidos a não subscreverem uma candidatura não apoiada pela direção do partido, que está no poder desde a independência de Angola em 1975.
“Pedimos prorrogação por causa de várias situações que foram acontecendo. Portanto, há aqui uma inventariação menos agradável, de alguns casos, que condicionaram imenso o desempenho das nossas equipas no terreno”, disse à DW.
Venâncio conta que, ao longo de 15 dias, período que foi estabelecido para a apresentação das candidaturas, viu-se confrontado com violações sistemáticas dos seus direitos estatutários e constitucionalmente consagrados, numa clara desvantagem a favor do presidente cessante, João Lourenço.
Outro bloqueio tem sido o silêncio da imprensa pública face à sua candidatura. “Infelizmente, com base nessas expressões que foram surgindo, algumas hesitações dos militantes, na própria desinformação, no silêncio da comunicação social do Estado, nalguns pronunciamentos em torno do Congresso e dos candidatos, com pronunciamentos que criaram mais confusão no seio dos militantes, tudo isso concorreu para o desempenho menos bons das nossas equipas”, lamenta.
Mais de duas mil assinaturas recolhidas
Cada candidatura deve ser suportada por pelo menos 2.000 assinaturas, de 100 militantes inscritos em cada uma das 18 províncias angolanas. António Venâncio diz ter conseguido mais de duas mil assinaturas e que a dificuldade estará em três ou quatro províncias, onde o número está abaixo do mínimo exigido.
“Há províncias em que tivemos bom desempenho. Outras nem tanto assim. Das 18 províncias, há províncias que ultrapassaram largamente o número e, portanto, nem todas as províncias atingiram aquele número que era necessário atingir”, explica.
De acordo com o cronograma do VIII Congresso do MPLA, a subcomissão de candidaturas tem até 7 de novembro, para anunciar publicamente sobre a receção e encerramento das candidaturas. Resta agora saber se o pedido de prorrogação de Antônio Venâncio será ou não atendido.