O MPLA, partido no poder, aconselhou hoje a UNITA, maior força política da oposição angolana, a redefinir-se entre ser um partido “de eterno protesto ou um partido que aspira ser poder”.
“Partidos com compromisso de Estado não inviabilizam de forma repetente o Orçamento Geral do Estado e servindo-se deste instrumento para fazer política baseada nas afirmações populistas para colocar o povo contra o Governo”, disse o deputado Kilamba Van-Dúnem, na leitura da declaração política do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
A posição foi expressa na Assembleia Nacional, no âmbito das declarações políticas apresentadas pelos partidos na sessão plenária.
Kilamba Van-Dúnem referiu que o Orçamento Geral do Estado (OGE) para este ano foi aprovado por todos os partidos com assento parlamentar “com a habitual repetência negativa do grupo parlamentar da UNITA [União Nacional para a Independência Total de Angola]”.
Segundo o deputado do MPLA, a UNITA com “esta prática desatualizada de fazer oposição” evidencia uma “ardente falta de uma agenda de governação”, mostrando-se perfeitamente incapaz “de solucionar as preocupações da sociedade no interesse do povo angolano”.
O deputado reforçou que a lei que aprovou o OGE2023 está alinhada com o programa do executivo do MPLA, aprovado pelo povo nas eleições gerais de 2022, frisando que o programa de governação do quinquénio 2022-2027, entrou no seu primeiro ano de execução e harmoniza-se com os objetivos do desenvolvimento sustentável, prevendo o fomento do emprego e habitação, produção nacional, saúde, educação, urbanismo e ordenamento do território.
“A sua inviabilização permanente não é, pois, um instrumento que deve orgulhar os líderes da oposição”, frisou.
De acordo com o deputado, a UNITA, “incomodada por não ter visto acolhida todas as suas contribuições, desdobrou-se em inúmeras declarações públicas que não tiveram o acolhimento de todos aqueles que querem ver o país muito próximo do degrau do desenvolvimento”.
“Os argumentos da UNITA e o voto contra são extemporâneos, apresentam uma clara tendência de julgar o futuro com dados passados, quando o documento apresentado é um espelho da mudança radical do posicionamento da política fiscal”, realçou.
“Gostaríamos que o principal partido da oposição se unisse a nós nos conceitos de cidadania em torno da nossa causa comum, Angola e os angolanos”, acrescentou.
O MPLA, prosseguiu Kilamba Van-Dúnem, reconhece a dimensão e a complexidade dos problemas existentes no país, “mas continuará a trabalhar para oferecer ao povo angolano um programa de ação que responda às reais preocupações de toda a nação”.
“Pois o fluxo ininterrupto da nossa história não deixará de favorecer a este povo no sentido de possibilitar soluções aos problemas atuais, soluções estas que beneficiarão a todos sem exceção, independentemente da sua origem, credo religioso, condição social ou filiação partidária”, vincou.
A produção de alimentos, o aumento da produção de energia elétrica e a melhoria do sistema de distribuição, o sistema de educação e saúde, a proteção das famílias, particularmente as mais vulneráveis, as legítimas preocupações dos jovens, o empoderamento da mulher, a cultura, desporto, segurança alimentar, nacional, combate às alterações climáticas são, para o MPLA, as atuais preocupações nacionais, enumerou o deputado.
“E não é por acaso que são as preocupações previstas no programa do executivo a que nós damos suporte. A nível da Assembleia Nacional, nós, o partido maioritário, temos tido um debate profundo e maduro que se prende principalmente com a habilidade para negociar com os outros partidos aqui representados, para produzirmos consensos e concertações, às vezes com resultados positivos, diríamos mesmo mais resultados positivos do que negativos”, sublinhou.