O poder. O poder. O poder! Nada mais que o poder, as chaves dos cofres e o domínio da administração pública.
Só existe essa máxima na matriz mental da autocracia dominante, ainda que transvertida de ovelha democrática, quando se lhe conhece, mesmo fora da calada da noite, o lobo mau que se esconde debaixo das vestes da bandeira tricolor.Em 2022 a lógica de manutenção no poder de qualquer forma, tudo indica, com os Lussaty e companhia, será a tónica dominante. Resta agora a sociedade saber se continuará na fone e indigência ou fiscaliza o processo eleitoral em nome da liberdade e democracia.
O poder, em Angola, é míope, ante uma realidade cruel de fome e miséria, que calcorreia o país, faz 46 anos, agravada nos últimos quatro, com um grande número de cidadãos, colocados no desemprego, a terem de recorrer aos contentores e sacos de lixo, para comer, alimentar famílias e sobreviver, em função da obtusa e boçal política económica neoliberal de um governo subserviente ao FMI,.
É confrangedor assistir a subida vertiginosa dos níveis de fome, doenças e miséria, que ultrapassam as de igual período (46 anos), do regime colonial/fascista português, liderado por António de Oliveira Salazar, que reduziu muitas epidemias, agravadas, infelizmente, quando se esperava o contrário, pelos ditos revolucionários/libertadores, que chegados ao poder converteram-se em neocolonialistas/ditatores/corruptos depravados.
Um poder que deixa morrer diariamente 8 à 12 crianças na principal unidade pediátrica do país é irresponsável e age com dolo, porquanto o descaso e a omissão dolosa, constituem crime. Crimes de genocídio, com enquadramento na própria Constituição atípica (10 Fevereiro de 2010), art.º 61.º.
A vista desarmada ele (poder) reflete a vontade demoníaca, nada benevolente de quem, alcandorado no mais alto pedestal, pela força das armas, uma vez nunca ter sido livre e transparente a magistratura da soberania popular, em função da fraude e batota eleitoral, que impedem os povos e micro-nações, que desde antanho habitam o torrão, denominado Angola pelas autoridades coloniais, não tenham reconhecido o direito a voz, sonho e quereres.
Quando, na capital do país, centro político e administrativo, o MPLA, proclamou a República Popular de Angola, na voz do médico, Agostinho Neto, nomeado, nunca nominalmente eleito, Presidente do novo ente jurídico, nacional e internacional, longe estavam os cidadãos, que saídos de uma colonização de ocidentais, entrariam noutra, pior em muitas facetas que a dos europeus-portugueses.
Os novos senhores da vez, criaram um conjunto de leis autocráticas e actos políticos, administrativos e judiciais diabólicos, corporizadores de uma matriz de Estado, que tinha e, ainda tem, como primeiro órgão de soberania, a contrário da visão de Charles Louis de Secondat, vulgão barão de Monstesquieu, o MPLA, no topo da pirâmide e, só depois, se seguem, o que diz o direito convencial, quanto aos três poderes: Legislativo; Executivo; Judicial.
É esta quadratura perversa que desvirtua o sentido de Estado, por ausência de verdadeiros contra-poderes, capazes de colocarem um freio na tentação de controlo de tudo e todos, autêntica suberversão das normas jurídico-constitucionais, que advogam o primado da lei e não da força, apanágio da governação do MPLA.
Mas tudo tem um fim!
O regime, vai continuar a torturar, denegar, educação, saúde, justiça e assassinar os cidadãos por clamarem EMPREGO e COMIDA, mas não tarda, antes mesmo do meio século ou século, vai estatelar-se barulhentamente, no lamaçal, para gaúdio da LIBERDADE.
Os vivos sabem que vão morrer. É um preceito bíblico, que os cristão tão bem dominam, tal como os ateus.
Os mortos, por sua vez, não sabem que reviverão! A esperança de outra vida repousa na mente dos crentes religiosos.
Os ateus, defendem, que a vida humana “independe” de um ser superior: Deus.
Os dois lados da barricada, pese defenderem ferverosamente, posições opostas, convivem, salutarmente com a divergência, privilegiando o consenso e não o unanimismo ditatorial.
Hoje, os cidadãos vivos e com memória sabem o que representa impor o ressuscitar de um homem que, em vida era um fervoroso defensor da morte de todos os seus contrários. Gastar recursos do Estado, portanto, de todos nós, porque o Presidente da República quer comemorar o seu centenário é uma ofensa as milhões de vítimas, porquanto, Agostinho Neto chegado a Presidência da República impôs a lei da bala, maculando todo o seu capital de revolucionário, principalmente, quando no 27 de Maio de 1977, disse: “NÃO VAMOS PERDER TEMPO COM JULGAMENTOS”, institucionalizando os assassinatos selectivos e em massa.
Por esta razão, não tenho pejo, em tratar Agostinho Neto de genocida! A sua polícia política: DISA e os torturadores do 27 de Maio de 1977 de genocidas. Faço-o com propriedade, como vítima inocente, jovem de 17 anos de idade, que não teve direito a julgamento.
Foi o próprio Agostinho Neto que se colocou nestas vestes, pois sempre apoiou fervorosamente a tortura e os fuzilamentos, mesmo no tempo da guerrilha, como se pode ver na Ordem de Serviço de 1970 do MPLA.
É preciso tirar, expurgar das leis e actos, da República, as “crostas” autoritárias, que pretendem branquear os assassinatos monstruosos e genocídios perpetuados por Agostinho Neto, desde os tempos da guerrilha, onde não se coibiu de contrariar a lógica dos seus abjectos protectores, convertendo-se não em médico profundamente humano, mas em médico, profundamente, assassino, sua forma de sobrevivência política.
Acho um cinismo estar-se a falar, somente das queimadas da Jamba, levadas a cabo, sim, pelo melhor aluno de Agostinho Neto: Jonas Malheiro Savimbi, em 1986, esquecendo-se que Neto foi o primeiro a cometer este rime hediondo em 1968, nas chanas do Leste, ao queimar vivo o comandante Paganini, Estrela, Zigueró e outros acusados de feitiçaria e tentativa de golpe a direcção do Movimento em Brazzaville.
Foi monstruoso!
Agostinho Neto, também, mandou enterrar vivo, Matias Miguéis, Ferreaço e José Miguel (irmão do cantor Calabeto, membro do MPLA), em 1964, na base em Brazzaville (mais detalhes na obra no prelo), tendo os mesmo resistido, por dois dias, pois tinham a cabeça de fora.
O país precisa que os seus dirigentes tenham higiene intelectual bastante para a hercúlea empreitada de conciliação e reconciliação de todas as franjas da sociedade, em nome da estabilidade e harmonia social.