Myanmar: Junta declara lei marcial em duas áreas de Rangum, “após 18 mortos em confrontos”

A junta no poder em Myanmar impôs a lei marcial em duas áreas da zona metropolitana de Rangum depois de novas manifestações que provocaram pelo menos 18 mortes.

A junta no poder em Myanmar impôs este domingo a lei marcial em duas áreas da zona metropolitana de Rangum, anunciou a televisão estatal, depois de pelo menos 18 mortes em confrontos entre manifestantes e forças de segurança.

A junta atribui “o poder administrativo e judicial da lei marcial ao comando regional de Rangum para que o exerça nas áreas de Hlaing Tharyar, onde confrontos causaram hoje 15 mortos, e de Shwepyitha (…) a fim de garantir a segurança, manter o Estado de direito e a tranquilidade de modo mais eficaz”, declarou um apresentador do telejornal.

Pelo menos 18 pessoas foram mortas hoje em Myanmar (antiga Birmânia) em manifestações contra o golpe de Estado militar, um dos balanços mais pesados desde o início dos protestos e um dia depois de um vibrante apelo à resistência contra a “ditadura injusta” feito por um dirigente da oposição.

Em Rangum, a capital económica, na área de Hlaing Tharyar, polícias e soldados enfrentaram manifestantes armados com paus e facas, que se escondiam atrás de barricadas improvisadas e que fugiram quando as forças de segurança abriram fogo.

“Posso confirmar que 15 morreram”, declarou uma médica à agência France Presse, adiantando ter tratado cerca de 50 feridos e que esperava um aumento do número de mortos.

No bairro de Tamwe em Rangum, o jornal da noite confirmou uma outra morte, indicando que centenas de manifestantes tentaram incendiar uma esquadra da polífica, levando as autoridades a disparar para os dispersar.

Cenas de caos semelhantes ocorreram durante todo o dia noutras regiões do país, com uma pessoa morta a tiro na cidade de Hpakant no norte de Myanmar, e uma mulher morta com um tiro na cabeça em Mandalay, a segunda cidade birmanesa.

De acordo com a Associação para a Assistência a Presos Políticos (AAPP) em Myanmar, mais de 80 pessoas já tinham morrido devido à repressão da polícia e dos militares desde o golpe de Estado, a 1 de fevereiro.

Além disso, as autoridades sob o comando da Junta Militar prenderam 2.134 pessoas, das quais 1.815 permanecem sob custódia.

Os protestos de hoje ocorreram depois de, no sábado à noite, o líder interino do Governo civil do país, composto por parlamentares depostos pela Junta Militar, ter pedido uma “revolução” para restaurar a democracia.

“Para formar uma democracia federal, com todos os irmãos dos grupos étnicos que sofreram todos os tipos de opressões da ditadura por décadas, esta revolução é uma oportunidade de unir nossos esforços”, disse Mahn Win Khaing Than, num discurso de seis minutos na rede social Facebook.

O exército deteve a maioria do Governo eleito, incluindo a líder, Aung San Suu Kyi, e o presidente, Win Myint, na manhã do golpe, além de cancelar a posse da legislatura marcada para o mesmo dia.

Os militares justificam o golpe com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro passado, que o partido da líder deposta Aung San Suu Kyi venceu por grande margem e que foram qualificadas de legítimas por observadores internacionais.

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