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Myanmar: Violência militar em Myanmar já fez mais de “300 mortos”

Balanço de vítimas em Myanmar ultrapassou os 300 mortos. A vitima mais nova é uma menina de 7 anos e o mais velho um idoso de 78 anos. Muitas das vítimas foram executadas com tiros na cabeça.

O número de vítimas mortais da violência da polícia e dos soldados de Myanmar (antiga Birmânia) desde o golpe de Estado de 1 de fevereiro aumentou para 320, sendo a maior parte civis mortos durante manifestações de protesto contra os militares.

De acordo com a Associação para o Auxílio aos Presos Políticos (AAPP), o balanço de vítimas ultrapassou os 300 mortos na quinta-feira depois da morte de civis em várias cidades do país, atingidos pelos disparos das forças de segurança durante manifestações.

A AAPP, organização não-governamental birmanesa, indica num relatório divulgado sexta-feira que 90% de 195 vítimas foram abatidas com disparos de armas de fogo na cabeça, sobretudo nas cidades de Rangum e Mandalay, e em povoações dos estados de Shan e Kachin.

A primeira vítima da violência da polícia e do Exército registou-se no dia 8 de fevereiro, tendo a maioria das mortes ocorrido no mês de março, principalmente no passado dia 14, quando pelo menos 78 pessoas foram abatidas pelas forças de segurança.

A vítima mortal mais jovem até ao momento foi uma criança de 07 anos: uma menina que morreu depois de ter sido atingida por um disparo no estômago durante uma rusga policial à casa onde residia com a família, em Mandalay. Um homem de 78 anos é a vítima mais idosa da repressão dos militares e dos polícias.

As condições na Birmânia estão a deteriorar-se e provavelmente vão piorar se não se verificarem respostas concretas e imediatas de apoio a todos aqueles que são atacados”, disse o relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos na Birmânia, Tom Andrews.

Em comunicado, Andrews lamentou que “não se está a fazer o suficiente para travar a crise”, e instou a União Europeia, os Estados Unidos e a República Popular da China a convocarem uma cimeira de emergência com todas as partes, incluindo os deputados eleitos “depostos ilegalmente” e aqueles que formaram um governo civil clandestino.

Apesar da repressão, os birmaneses continuam a sair às ruas todos os dias em protesto contra a Junta Militar e exigindo a libertação dos líderes políticos que se encontram presos, incluindo a líder da Liga Nacional para a Democracia, Aung San Suu Kyi.

Durante o período noturno, as autoridades restringem todos os acessos à internet e verificam-se rusgas e detenções pelos soldados.

Como resposta internacional à brutalidade da Junta Militar, os Estados Unidos e o Reino Unido anunciaram na quinta-feira novas sanções contra os interesses dos militares birmaneses que tomaram o poder durante o golpe de Estado.

No dia 01 de fevereiro, os generais birmaneses tomaram o poder alegando fraude eleitoral nas legislativas do passado mês de novembro e contestando a vitória de Aung San Suu Kyi.

Desde o golpe de Estado repetem-se as manifestações de protesto marcadas pela violência policial e do exército. De acordo com a AAPP, mais de 2.800 pessoas, incluindo políticos, estudantes e monges, foram detidas na sequência do golpe de estado.

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