Onde estão os partidos políticos quando se precisa deles? Angolanos queixam-se de que há “partidos políticos” que não intervêm o suficiente

Angolanos queixam-se de que há partidos que não intervêm o suficiente no dia a dia do país. Acusam-nos de se preocuparem apenas com as eleições e, depois, esquecerem as pessoas que os elegeram. Será mesmo assim?

Onde estão alguns dos partidos políticos quando as pessoas precisam deles? É uma questão que tem sido colocada várias vezes nas redes sociais em Angola. Os angolanos questionam o silêncio dos deputados sobre diversos temas, desde o movimento “31, fica em casa”, passando pela greve no ensino superior e pelas demolições em Viana e no Zango. Será que os deputados só estão interessados nos debates parlamentares?

Contactado pela DW África, António Soliya Solende, membro da comissão política nacional do Partido de Renovação Social (PRS), garante que o seu partido não está parado: “Nós estamos a andar. Nós não estamos nos gabinetes, não estamos acomodados pelos resultados eleitorais que obtivemos”.

No entanto, a sensação de muitos eleitores é que, depois das eleições, há deputados que se encostam aos resultados até ao escrutínio seguinte. Vários partidos são acusados de só se preocuparem com os problemas dos cidadãos durante o período eleitoral, para ganhar votos.

Silêncio preocupante

Até agora, nem o PRS, nem a FNLA ou a CASA-CE se pronunciaram sobre o protesto a 31 de março, convocado por ativistas, para denunciar o desemprego e as más condições de vida em Angola. Já a UNITA, o maior partido da oposição, apelou a todos os seus militantes para aderirem.

Para o analista político José Carlos Elavoko, o silêncio de algumas forças políticas é preocupante. “Só podemos tirar uma conclusão sobre este tipo de comportamento: que eles têm simplesmente uma agenda eleitoralista, e não deveria ser assim. A ação dos partidos não deve dedicar-se apenas às eleições”, considera.

O PRS rebate as acusações. António Soliya Solende refere que, para ganhar as eleições, é preciso trabalhar diariamente, para resolver os problemas no país. E insiste que a sua força política está a trabalhar: “Findas as eleições de 2022, continuamos a mostrar que ainda não concretizámos os nossos objetivos, porque nós não ganhámos as eleições”, lembra.

Trabalho “subterrâneo”

O PRS tem apenas dois deputados no Parlamento, à semelhança da FNLA e do Partido Humanista de Angola. Os gigantes parlamentares, com o maior número de deputados, são o MPLA e a UNITA.

Nas últimas eleições, a CASA-CE não elegeu quaisquer deputados e teve sair do Parlamento. É por isso que a formação política tem estado mais focada em resolver problemas internos, admite o líder da CASA-CE, Manuel Fernandes.

“Nestas eleições, tivemos um resultado inesperado que impunha, da nossa parte, uma reflexão profunda, com toda a honestidade e seriedade, no sentido de melhorar a próxima prestação. É assim que, efetivamente, andámos este tempo todo a refletir, e o trabalho está a ser feito, neste momento, ao nível subterrâneo”, explica.

Uma estratégia para o futuro será dar mais espaço aos partidos coligados na CASA, acrescenta Manuel Fernandes. “Sendo a CASA-CE uma coligação, hoje, o trabalho vai ser feito muito mais pelos partidos que terão a responsabilidade de organizarem, reestruturarem a nível de todo território nacional, e em 2027, querendo, efetivamente mais organizados, partir para uma coligação”.

 

 

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