Operação Caranguejo: As “trapalhadas” do governador do banco central angolano (BNA) José Lima Massano

Já diz o velho adágio popular de que; o apressado acaba comendo cru. O governador do BNA, José Massano, foi muito precipitado em confirmar a origem dos 800 milhões de Kwanzas, apreendidos com o Major Lussaty, afecto a Casa de Segurança do Presidente da República. A pressa não está na nota em si com enfatizei, e sim, no seu conteúdo. 

Para quem não se lembra ou não teve contacto com o referido documento, ele dizia mais ou menos o seguinte; os valores(Kwanzas) apreendidos foram levantados de alguma agência bancária”. Negativo. Quem tem o mínimo de informação sobre esses meandros (banca), sabe que agência nenhuma tem condições de disponibilizar essa quantia, ainda mais da Nova Família, cuja introdução no mercado tem sido feita de forma faseada, pra não gerar inflação, etc. Na verdade, e fruto das minhas fontes, os kwanzas têm a mesma origem da moeda estrangeira apreendida.

Muitos não devem saber, mas desde que tivemos o escândalo do BNA no começo dos anos 2000, em que funcionários e o pessoal da área segurança da referida instituição e, que participavam no processo da queima de valores, mantinham pra si a maior parte e queimavam apenas uma parte insignificante e com isso, retornavam o restante ao Banco Central pela porta da frente e com isso, levantavam novas cédulas, o processo da escolta do valor vindo do estrangeiro, passou a ser da responsabilidade da Casa de Segurança da Presidência da República. Foi nessa abertura que visou combater um mal, e deu origem a outro muito maior.

Os valores em posse do Major Lussaty e dos mais de 1 bilhão transferidos ao estrangeiros, foram surrupiados durante o processo de descarga/carregamento e transporte. É aí que a farra tinha seu início. Não é por mera coincidência que as altas patentes da Casa de Segurança do Presidente da República tiveram as suas cabeças à prêmio. Sinal de culpa direta? Negativo.

Até o Lussaty pego com aquela quantia e bens, goza da presunção de inocência, até sentença transitória em julgado. Mas, então porque as exonerações? Não é cultura do africano se demitir, para poder ter a chance de se defender. Normalmente, esperam que quem os nomeou, os venha exonerar. Alida à essa questão, está o facto de serem eles os responsáveis máximos na área de segurança da Presidência.

A nota do governador do BNA fazia – se necessária para evitarem especulações. No entanto; basta pra isso, dizer que é um assunto que já se encontra na alçada da justiça e sendo o BNA parte dos investigados, não lhe cabia dar mais detalhes, remetendo – os à PGR.

Pelo que me pareceu, Massano agiu mais com a emoção (coração), do que com a razão.

Filipe Rescova (Cientista Político )

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