A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) prevê que a produção de petróleo e gás em Angola caia 0,04% em 2025, para menos de 1,1 milhões de barris diários.
A estimativa fica abaixo do limite que levou à saída do país africano da OPEP.
“Em 2025, a produção de líquidos [petróleo e gás] dos países fora da OPEP deverá crescer 1,4 milhões de barris por dia”, lê-se no mais recente relatório mensal da OPEP, que acrescenta que “os principais motores do crescimento serão os Estados Unidos, Brasil, Canadá, Rússia, Cazaquistão e Noruega, enquanto a produção deverá ver um grande declínio no México e Angola”.
O relatório de março surge três meses depois da saída de Angola da organização, e faz poucas referências ao país lusófono africano, o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana, mas ainda assim apresenta uma previsão de estagnação na produção deste e do próximo ano, mantendo a estimativa de produção nos 1,1 milhões de barris por dia até final do próximo ano.
No final de dezembro, “Angola anunciou a saída da OPEP a partir de janeiro deste ano, para poder aumentar a produção sem estar limitada pelas quotas que a OPEP impunha”, com as quais o Governo não concordava e afirmava que limitariam o crescimento da produção petrolífera.
“Sentimos que neste momento Angola não ganha nada mantendo-se na organização e, em defesa dos seus interesses, decidiu sair”, afirmou o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás angolano, Diamantino Pedro Azevedo, em declarações aos jornalistas, no Palácio Presidencial, em Luanda, no final de dezembro, nas quais acrescentou: “Esta não foi uma decisão tomada assim de ânimo leve, nós nos últimos seis anos temos sido bastante ativos na organização, e assim chegou o momento porque o nosso papel na organização não era relevante”.
Luanda, no princípio de dezembro, rejeitou a quota atribuída pelo cartel, que previa uma redução, e vai manter a meta de 1.180 mil barris por dia para 2024, uma diferença de 70 mil barris diários face à quota de produção máxima de 1.110 milhares de barris diários que a OPEP queria impor.
No princípio deste ano, o presidente da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), Paulino Jerónimo, referiu que atualmente o país está a produzir diariamente 1,1 milhões de barris, quantidades que atingiriam os 1,2 milhões de barris de petróleo por dia, não fossem as perdas diárias de 90 mil barris de petróleo devido à idade dos poços em operação em Angola.
No último quinquénio, o país registou perdas de produção não planeadas de cerca de 170 milhões de barris de petróleo, devido ao envelhecimento da maior parte das concessões, desenhadas para operar entre 15 e 20 anos, algumas já com mais de 60 anos de existência.
No final de janeiro, o responsável da Deloitte para o setor de Energia, Recursos e Indústria, Frederico Martins Correia, considerou à Lusa que, sem as limitações da OPEP, o país pode incrementar a sua produção para 1,2 milhões de barris por dia.
“Porque nós estávamos a fazer 1,06 milhões de barris diários, a quota da OPEP era 1,1 milhão de barris e se tudo correr bem vamos poder atingir 1,2 milhões de barris e isso só era possível fora da OPEP”, rematou Frederico Martins Correia.