Pessoal de cabine da Transportadora Aérea de Angola (TAAG) denuncia “dispensa” de nacionais a favor de estrangeiros

O Sindicato do Pessoal de cabine da transportadora angolana TAAG denunciou hoje que a administração da companhia estatal “está a prescindir dos trabalhadores angolanos” a favor de aviões estrangeiros, alugados com as tripulações, convocando uma manifestação para domingo.

“A nossa reivindicação prende-se, essencialmente, com este facto: estarem a prescindir de mão-de-obra nacional a favor de aviões estrangeiros e alugados com as tripulações, o que é inadmissível, porque a TAGG tem tripulantes competentes e estamos a ser colocados de parte”, disse hoje a secretária-executiva do sindicato, Ondina Costa, à Lusa.

Uma manifestação pública, promovida pelo Sindicato Provincial do Pessoal Navegante de Cabine (Sinpropnc) da TAAG, está prevista para domingo, frente ao Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro para denunciar “constantes violações” dos acordos assinados entre o sindicato e a administração da TAAG.

“Várias vezes remetemos as nossas reivindicações em relação às violações dos nossos direitos, plasmados no acordo coletivo de trabalho, como melhores condições laborais, subsídios e outros, que infelizmente não têm sido resolvidas”, lamentou Ondina Costa.

Segundo a responsável sindical, o que “agravou a inquietação” dos tripulantes da companhia estatal angolana e que os vai levar à rua, de forma “pacífica e silenciosa”, foram os “dois últimos comunicados enviados” pela administração da TAAG.

“Onde se denota que as atuais frequências de voos da TAAG serão feitas por outras companhias, aviões alugados, incluindo as tripulações de cabine e de ‘cockpit’”, frisou.

“Por que motivo esses aviões foram sido alugados com tripulação de cabine, quando nós, tripulação de cabine de TAAG, poderíamos fazer uma adaptação aos aviões alugados e não eles virem com tripulações ‘full’?”, questionou.

Para a secretária-executiva do Sinpropnc, a presença de aviões estrangeiros alugados pela empresa com os respetivos tripulantes é sintomática de que os tripulantes de cabine da TAAG “deixarão de fazer os voos internacionais” durante um ano.

“E neste ano, o que nós, tripulantes da TAAG, vamos ficar a fazer? A ganhar salários e a ficar em casa sentados não concordamos, não permitimos, porque se há esta necessidade, então será esta administração obrigada a formar o pessoal da TAAG”, salientou.

“É claro que em breve se verão com excesso de tripulantes e irão promover despedimento de trabalhadores, alias, esta pretensão já foi manifestada anteriormente e achamos que esta é a forma velada para depois diminuírem o pessoal jovem, muitos deles em início de careira”, disse.

Ondina Costa recordou também que em momentos anteriores a empresa já havia alugado aviões, “mas nunca com tripulações” em detrimento das suas: “Não podemos aceitar perder os nossos postos de trabalho numa altura em que até se fala em mudanças na companhia”.

“Aceitamos sim a mudança, mas nunca a desfavor da classe trabalhadora angolana”, concluiu a secretária-executiva do Sinpropnc.

 

 

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