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Portugal: Ataques ao Adalberto da Costa Júnior, líder da UNITA são um sinal de “insegurança”

As últimas eleições em Angola têm sido sempre um passeio no parque para o MPLA. Ainda assim, a votação da UNITA é crescente e os ataques dirigidos ao seu líder, Adalberto da Costa Júnior, revelam preocupação do partido no poder.

A UNITA tem possibilidade de vencer as eleições gerais em Angola que se disputarão no próximo ano? A pergunta não tem uma resposta conclusiva, mas as movimentações recentes dão a entender que o MPLA considera o partido liderado por Adalberto da Costa Júnior como uma séria ameaça ao seu “status quo”.

Embora sem fazer perigar a hegemonia do MPLA, as últimas eleições revelam uma tendência constante, a diminuição da percentagem de votos no partido agora conduzido por João Lourenço e uma subida, ainda que tímida, do movimento do Galo Negro. Assim, em 2012, o MPLA registou 71,84% dos votos e a UNITA 18,66%, e em 2017, ano da eleição de João Lourenço, o MPLA ficou-se por 61,05% e a UNITA cresceu para 26,72%.

A realidade é que se têm multiplicado as ações tendentes a criar instabilidade na liderança de Adalberto da Costa Júnior. A última delas será mesmo a de o MPLA estar envolvido na tentativa de promover uma manifestação contra o presidente da UNITA, recrutando para o efeito jovens do distrito do Kikolo, com o propósito de passar a ideia de que existe contestação interna.

Uma das frentes de ataque a Adalberto da Costa Júnior tem sido a de lhe apontar a nacionalidade portuguesa, uma circunstância que o coibiria de ser candidato à presidência de Angola. Uma estratégia que provocou até o desagrado de Marcolino Moco. “Insinuar, sequer, que Adalberto Costa Júnior não é angolano, ouvi-lo de várias bocas, e agora pressenti-lo num comunicado do BP [Bureau Político] do MPLA, é algo que me deixa muito preocupado”, escreveu o histórico do MPLA e antigo primeiro-ministro, em fevereiro de 2021, na sua página no Facebook

Contas congeladas e diabolização

Aliás, a 2 de outubro do ano passado, o semanário Novo Jornal, na sua capa, dava conta da existência de um plano elaborado pelo MPLA que visava enfraquecer o líder do movimento do Galo Negro. Um mês depois desta notícia, o Tribunal Provincial de Luanda ordenou o congelamento das contas da UNITA a pretexto do processo movido por uma empresa que reclamava o pagamento dos serviços prestados para o desenvolvimento da TV Raiar, um projeto daquele partido.

Já em março deste ano, o líder do grupo parlamentar da UNITA, Liberty Chiyaka, sustentava que o Governo de João Lourenço “tem um plano para acomodar aqueles que se oferecem em diabolizar o líder da UNITA”.

Esta opção por descredibilizar o líder da UNITA valida a leitura efetuada no Radar África publicado a 11 de fevereiro de 2020. “A estes predicados [o de não ter participado na guerra civil e de ser visto pelos adversários como um interlocutor válido] acresce o facto de o líder da UNITA gozar de boa aceitação junto da elite, mesmo daquela que habitualmente tem sido próxima do MPLA, e de aceder facilmente aos meios de comunicação social. Neste quadro, emerge como alternativa para muitos eleitores que até agora, por convicção ou simples interesse, se mantiveram fiéis ao MPLA”, escreveu-se à data.

Todos os acontecimentos posteriores e o agravamento da situação económica de Angola, devido à pandemia de covid-19, mostram que o MPLA está genuinamente preocupado com a possibilidade de Adalberto da Costa Júnior ser um sério rival do atual Presidente, João Lourenço.

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