Excelência Presidente da Assembleia Nacional,
Excelentíssimos Senhores Deputados
Dignos representantes do titular do poder Executivo,
Angolanas e angolanos,
Estamos aqui hoje a debater com carácter de urgência o pedido de autorização do titular do poder executivo para enviar um contingente de tropas angolanas a Moçambique.
Assim procedendo, sua Excelência o Presidente da República e Comandante em Chefe das FAA, fá-lo a abrigo da Lei 15/21 de 10 de Junho, observando assim escrupulosamente o que o ordenamento jurídico nacional manda, em razão da matéria.
Impõe-se no entanto um estudo pormenorizado das causas endógenas e exógenas do conflito que assola o país irmão da costa do Índico.
Visto assim à distância, fica-se com impressão de que a SADC está a reagir a iniciativa de Paul Kagame que lá da região dos Grandes Lagos decidiu atempada e unilateralmente socorrer Moçambique, país que faz parte de uma região com longa tradição de solidariedade nas várias lutas aqui travadas.
Importa no entanto que os Deputados seja elucidados sobre questões básicas de forma a poderem ter elementos de apoio para a importante decisão que deverão tomar em nome do povo angolano.
Estamos aqui a decidir sobre o envio de cidadãos angolanos para uma frente de combate de uma extrema violência se quisermos considerar os métodos utilizados pelos fundamentalistas islâmicos. Não é uma decisão que se deve tomar de ânimo leve, pois não se trata de um passeio turístico à bela costa do Índico. Também não importa se são 20, 200 ou 2.000 homens. São cidadãos angolanos, nossos caros irmãos a avançarem para um teatro operacional de contornos bastante complexos.
- O que se passa exatamente em cabo Delgado?
- Qual a correlação de forças actualmente no terreno?
- Quais as reivindicações dos rebeldes?
- Qual o rosto invisível da rebelião?
- Como sobrevive aquela rebelião?
- Que território usam com “santuário”?
- Quais os interesses Econômicos da Região?
Quem estaria interessado em desestabilizar uma região rica em Hidrocarbonetos, onde se procedeu a um dos maiores investimentos no continente de aproximadamente 30mil milhões de Dólares?
Por outro lado, queria aproveitar esta ocasião para chamar a atenção desta Casa para o facto de que no nosso país vivemos uma situação de total indefinição quanto ao estatuto legal da religião Islâmica.
Estamos todos ao corrente da velocidade com que se está a expandir o Islão no mundo no nosso país.
Sabemos qual o seu modus operandi.
Estatísticas disponíveis a nível da Comunidade Muçulmana de Angola dizem-nos que o número de fiéis já ultrapassar os 800.000. As mesquitas florescem um pouco por todo o lado, logo não se trata de um fenômeno irrelevante pelo que sem qualquer sentimento de Islamofóbico mas com alto sentido de responsabilidade, este assunto deve merecer a atenção das autoridades no contexto da laicidade e da liberdade de culto plasmadas na Constituiçao da República.
Diz-se que quando a barba do vizinho está a arder, o melhor mesmo é pôr a nossa de molho…
Muito obrigada pela vossa atenção .