A família do empresário luso-angolano Carlos São Vicente, em prisão preventiva desde setembro de 2020, escreveu ao primeiro-ministro português, António Costa, pedindo-lhe que aborde o assunto no seu encontro com o Presidente angolano, João Lourenço, esta terça-feira em Paris.
Segundo uma nota enviada em nome da família, a carta endereçada a António Costa salienta a condição de cidadão português de Carlos São Vicente e a “saúde cada vez mais precária” do empresário, bem como a forma como a prisão preventiva “ofende elementares princípios do Estado democrático de Direito”, segundo um parecer de um constitucionalista.
É “chegada a altura de o Estado português se manifestar diplomaticamente ao mais alto nível sobre uma situação que está a ser seguida em todo o mundo e envolve um cidadão seu, inocente e perseguido, indevidamente preso desde 22 de setembro de 2020”, refere a missiva.
A família salienta que as suas empresas em Portugal, que empregam mais de meia centena de trabalhadores, estão com ordenados em atraso e dívidas pendentes a bancos, ao Estado e a fornecedores devido à situação criada pela justiça angolana.
Carlos São Vicente, dono do grupo de empresas AAA, um dos maiores conglomerados privados de Angola, e detentor durante vários anos do monopólio de seguros e resseguros da Sonangol, foi formalmente acusado dos crimes de peculato, branqueamento de capitais e fraude fiscal, tendo sido notificado do despacho de acusação no dia 17 de março.
“A Procuradoria-Geral da República pediu também o congelamento de contas bancárias e apreensão de bens de Irene Neto, filha do primeiro Presidente angolano, Agostinho Neto, e mulher do empresário”.
António Costa e João Lourenço vão manter um encontro bilateral numa reunião sobre o futuro das economias africanas, a convite do presidente francês, Emmanuel Macron, para discutir o financiamento da dívida africana e o futuro do setor privado no continente com líderes africanos e europeus.