A fome registada em alguns municípios da província de Benguela e a falta de energia eléctrica, a partir da Barragem do Lomaum, são inquietações manifestadas, este sábado, pelo presidente da CASA-CE, Manuel Fernandes.
Segundo o político, que falava à imprensa no seguimento de uma actividade de massas na cidade de Benguela, a situação social de muitas comunidades na província é bastante preocupante e inaceitável.
Afirmou ter conversado com as autoridades, que lhe informaram das carências alimentares, adiantando que “a situação está difícil, a pobreza tomou conta das famílias, há gente a morrer de fome, há pessoas a alimentarem-se de ração animal, o parque industrial está inoperante, as sedes municipais são todas abastecidas por fontes térmicas, com as suas consequências”.
Manuel Fernandes advogou que, não obstante a fome que se vive nos municípios do Bocoio, Cubal e Ganda, a natureza não foi “madrasta” nestas zonas, havendo recursos hídricos que, se bem aproveitados e aliado a políticas sérias, podem fomentar a produção agrícola.
“A fome e a falta de corrente eléctrica são consequências, em parte, de políticas falhadas”, acrescentou.
Criticou os avultados recursos aplicados na operacionalidade dos sistemas térmicos de produção de energia, e considerou que, com vontade política, essa questão pode ser resolvida a contento das comunidades.
Numa outra vertente, Manuel Fernandes disse que a CASA-CE tem uma estratégia e solução própria para governação da província de Cabinda, caso seja poder em Angola.
Reagindo ao escândalo financeiro que envolve algumas patentes militares e o desvio de milhões de Kwanzas e divisas da Casa de Segurança do Presidente da República, o político disse ser “uma verdadeira vergonha para Angola que isso tenha ocorrido”.
Defendeu que esta tem sido uma das razões que sempre levou a sua formação política a nunca ter aprovado algum Orçamento Geral do Estado (OGE), uma vez que entende que o modelo de gestão dos dinheiros alocados a certos órgãos não é o mais correcto.
Disse ser necessário melhorar os mecanismos de fiscalização, porque ainda existem vários “Lussatis” por aí, pelo que não basta apenas nomear as pessoas.
Manuel Fernandes chegou a Benguela quinta-feira, no prosseguimento de um períplo que já o levou às províncias da Huíla e do Namibe, para aferir a condição social das comunidades e o grau de organização das estruturas de base da coligação política, cuja liderança assumiu recentemente.