A petrolífera angolana Sonangol, segundo maior acionista do Millennium BCP (depois da chinesa Fosun) com cerca de 20%, admite aproveitar alguma “boa oportunidade” que surja para vender essa participação, no contexto de “movimentos eventuais de consolidação bancária” que venham a ocorrer nos próximos tempos em Portugal.
Esta disponibilidade foi reafirmada ao mercado em comunicado emitido pelo BCP após o fecho do mercado.
A mensagem foi transmitida pela Sonangol em entrevista de Sebastião Gaspar Martins, presidente da empresa, à agência Reuters. “No caso do Millennium BCP estamos a monitorizar o seu desempenho. Se se apresentar uma boa oportunidade para desinvestimento, iremos avaliá-la e fazer as recomendações que se afigurarem as mais acertadas para o contexto e necessidades da Sonangol”, afirmou.
“A Sonangol está a acompanhar os movimentos eventuais de consolidação bancária em Portugal e, caso surja alguma oportunidade, o assunto será avaliado com os outros parceiros investidores no Millennium BCP”, acrescentou.
Já esta tarde, o BCP emitiu um comunicado no qual confirma, após contacto com o seu segundo maior acionista, que a Sonangol, apesar de manter a sua estratégia em relação ao banco português,”está atenta a eventuais movimentos de consolidação bancária na zona euro e em Portugal, e que, como investidor, analisará, sempre em estreita articulação com o Banco e os demais acionistas estratégicos, eventuais oportunidades de criação de valor que possam fazer sentido para a Sonangol, para o Banco e para os seus acionistas”
O presidente da petrolífera angolana deu a entrevista à Reuters numa altura em que a empresa prevê em 2021 acelerar as reformas e os esforços para aumentar as receitas, depois de a pandemia ter secado o interesse dos investidores pela venda de ativos da petrolífera (que ainda só rendeu cerca de 60 milhões de dólares). “Sim, tendo em conta a desaceleração económica mundial, os investidores estão mais conservadores. A dinâmica de negócio e a forma como as pessoas se relacionavam, no ambiente de negócios, também mudaram e houve a necessidade de serem feitos ajustes que levam o seu tempo”, disse.
“O novo posicionamento estratégico da Sonangol consiste em focar-se, principalmente, no core-business, assegurar o financiamento do programa de investimentos e tornar a empresa mais ágil, competitiva e rentável”, disse Martins em resposta por email às perguntas da Reuters. A Sonangol está em vias de vender um edifício que possui na principal avenida de Lisboa mas pretende “definitivamente manter” a sua participação indireta na empresa energética portuguesa Galp (e espera recuperar o controlo da participação que detinha conjuntamente com o falecido marido do antigo CEO da Sonangol e a mulher mais rica de África Isabel dos Santos no coração de uma batalha judicial em Amesterdão).