O Presidente da República de Angola (PRA), João Lourenço expressou hoje preocupação com a situação de instabilidade em países da África Austral, como a Republica Democrática do Congo e Moçambique, e defendeu eleições “livres e transparentes” como a única via para o poder.
Discursando na cerimónia de investidura do Presidente das Comores, Azali Assoumani, João Lourenço sublinhou que “a única via sustentável e legítima de se conquistar o poder em África é através de eleições livres, justas e transparentes”, que permitem “celebrar a festa da democracia”.
“Os líderes saídos de eleições podem contar com uma base popular ampla e consistente, que lhes permite governar com legitimidade num clima de maior serenidade e estabilidade”, reforçou o chefe de Estado angolano no estádio onde Azali Assoumani foi empossado no seu quarto mandato, terceiro consecutivo, para o qual foi reconduzido nas eleições realizadas em janeiro.
João Lourenço disse que a região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) continua “a ser um bom exemplo no que diz respeito à realização, com regularidade, de eleições livres e transparentes, cujos resultados não geram, em regra, contestação violenta” que ameace a ordem e a estabilidade dos países.
O Presidente angolano lembrou que se realizam este ano eleições gerais na Namíbia, no Botsuana, em Moçambique e na África do Sul, onde disse esperar, “mais uma vez, que os resultados venham a ser respeitados por todos os partidos concorrentes”.
Expressou também preocupação com a situação de instabilidade e guerra em alguns dos Estados membros da SADC, nomeadamente em Moçambique e na República Democrática do Congo (RDCongo), aos quais declarou apoio e solidariedade.
A RDCongo sofreu recentemente uma tentativa de golpe de Estado, enquanto Moçambique se confronta há alguns anos com uma insurgência em Cabo Delgado, no norte do país.
Lourenço manifestou, igualmente, apreensão com o conflito armado no Sudão, que tem causado grande número de vítimas e gerado um elevado número de refugiados, “desestabilizando os países vizinhos”, e apelou a que esta guerra não seja esquecida.
“Compreendemos que as agências humanitárias internacionais priorizam o atendimento a outros conflitos em curso, nomeadamente na Palestina, para acudir sobretudo à situação de grave catástrofe humanitária em que se encontram as populações civis da Faixa de Gaza, mas o povo sudanês merece igual atenção e a guerra do Sudão não pode ser uma guerra esquecida e simplesmente ignorada pela comunidade internacional”, apelou o chefe de Estado angolano.
João Lourenço elogiou Azali Assoumani pelo seu papel enquanto Presidente em Exercício da União Africana (UA) no ano de 2023, pela abordagem realista e pragmática “dos principais problemas que a África enfrenta”.
“Este é um legado que nos orgulha e que vai servir de guia e de orientação para definirmos as estratégias que permitam acelerar os processos de promoção do diálogo tendente a pôr fim aos conflitos no nosso continente e, assim, abrir o caminho ao desenvolvimento económico e social dos nossos países”, declarou.