União Africana (UA) quer República Democrática do Congo (RDCongo) como “fonte de felicidade e não de conflito”

O Presidente da União Africana (UA) considerou hoje que a deterioração da situação no leste da República Democrática do Congo (RDCongo) “desestabiliza o país” e defendeu esforços para se fazer do país “fonte de felicidade e não de conflito”.

Azali Assoumani, que falava na abertura da Cimeira Quadripartida de chefes de Estado e de Governo sobre a pacificação do leste da RDCongo, que decorre em Luanda, referiu que a situação prevalente “constitui preocupação da região, do continente e do resto do mundo”.

“A deterioração da situação humanitária e securitária no território do RDCongo desestabiliza este país”, disse Assoumani, salientando que a crise é particularmente preocupante por ocorrer num território com muitas riquezas económicas e humanas incontestáveis.

Para o presidente em exercício da União Africana (UA), a desestabilização no leste da RDCongo “pode levar toda a África no mesmo caminho”, defendendo, por isso, a “intensificação de ações conjuntas e ativas para o alcance de soluções em favor de um Congo pacificado e próspero”.

“E para isso temos de ter soluções políticas, diplomáticas e de segurança adaptada, eficaz, inovadora para podermos reforçar de forma a evitarmos a duplicação de esforços e também a concorrência entre os mecanismos regionais”, salientou.

A necessidade da pacificação do leste da RDCongo, onde persiste a tensão militar e opõe este país ao Ruanda, é o foco desta cimeira de chefes de Estado e de Governo dos quatro blocos regionais africanos.

Representantes, ao mais alto nível, da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), da Comunidade da África Oriental (CAO), da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) e da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) participam nesta cimeira de Luanda.

“Os objetivos estratégicos desta cimeira é de convirmos de adaptar um quadro conjunto e de modalidade para a implementação e de acompanhamento dessas iniciativas para a paz no leste da RDCongo”, referiu Azali Assoumani, também chefe Estado das Comores.

O dirigente africano recordou que a RDCongo é um país rico em recursos diversos, mas que as populações locais vivem numa pobreza extrema, sobretudo por causa do conflito, considerando que os blocos regionais devem ser atores da paz e da estabilidade.

“Daí que devemos colocar tudo em marcha para invertermos essa tendência para fazermos a RDCongo como uma fonte de felicidade e não uma fonte de conflito e é por isso que temos de jogar como atores da paz e da estabilidade e desenvolvimento”, frisou.

Azali Assoumani saudou ainda o Presidente angolano, João Lourenço, e a diplomacia angolana pelos “esforços, engajamento e disponibilidade permanente ao serviço da harmonia e coordenação robusta da crise securitária” no leste da RDCongo.

Por seu lado, o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahammat, referiu que o encontro, sob a égide do órgão que representa, “é um testemunho novo” do seu “engajamento indefetível para” encontrarem “soluções africanas para os problemas africanos”.

“Como sempre digo os grandes lagos africanos constituem o coração que palpita no seio do continente”, assinalou, referindo que a UA está empenhada em contribuir para o restabelecimento da paz e da segurança na região.

“E isso para nós é um imperativo para respeitarmos os nossos princípios, estarmos fiéis ao nosso projeto de fazer calar as armas”, apontou.

Moussa Faki Mahammat considerou ainda, no seu discurso, que a necessidade da coordenação de esforços a nível das organizações regionais “se impõe com muito mais premência” para se ter “muito mais eficácia e uma gestão muito parcimoniosa dos recursos”.

“Essa necessidade de coordenação é necessária, tendo em conta as crises mundiais e as crises africanas, incluindo as crises mais grave como a sudanesa atual, é também um desafio financeiro para colocarmos iniciativas políticas e militares como sendo um imperativo do primeiro plano”, concluiu.

Burundi, Zimbabue, Gabão, RDCongo, Ruanda, Comores, Namíbia, representantes da UA e das Nações Unidas participam nesta cimeira de Luanda, que busca mecanismos para a paz efetiva na região leste da RDCongo.

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