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Presidente do Quénia, William Ruto quer reformar “sistema financeiro” armadilhado contra hemisfério sul

O Presidente do Quénia, William Ruto, afirmou hoje que a arquitetura do atual sistema financeiro internacional “está armadilhada contra o hemisfério sul” devido às taxas de juro acrescidas para países em desenvolvimento. 

“O atual sistema financeiro mundial foi criado num determinado contexto. Esse contexto alterou-se significativamente desde então e, por conseguinte, está a ter dificuldades em responder aos desafios do momento”, afirmou o chefe de Estado, durante um evento da Fundação Mo Ibrahim em Nairobi.

Ruto queixou-se de como países em desenvolvimento têm de pagar taxas de juro de 10% a 15% sobre empréstimos quando precisam de recorrer aos mercados financeiros para financiar projetos de desenvolvimento, em vez de depender de ajuda externa.

“Torna-se impossível financiar qualquer desenvolvimento significativo. A atual arquitetura financeira internacional está, para o dizer sem rodeios, armadilhada contra nós, no hemisfério Sul”, afirmou.

 “Caberá aos africanos formular o debate que colocará em cima da mesa a nossa perspetiva, o nosso ponto de vista sobre que tipo de arquitetura financeira internacional funcionaria não só para nós mas para todos”, defendeu.

Durante uma conversa conduzida pelo empresário e filantropo anglo-sudanês Mo Ibrahim, Ruto admitiu que o Quénia vive “num bairro difícil”, rodeado por países em conflito ou instáveis como a Somália, Sudão do Sul e República Democrática do Congo (RDCongo).

No ano passado, o Quénia aceitou integrar a força da Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês), composta também por militares do Burundi, Uganda e Sudão do Sul.

“Assumimos essa responsabilidade porque sabemos que a nossa estabilidade e a nossa segurança estão intrinsecamente ligadas à estabilidade da nossa região. Sessenta anos após a formação da União Africana, não podemos continuar a depender da Europa, da UE, dos EUA ou da China”, argumentou.

Buto quer que os países africanos usem os próprios recursos porque “se não tratarmos da segurança da nossa região, estamos a perder oportunidades de investimento, de criação de emprego, de crescimento das nossas economias”.

O chefe de Estado queniano falava no encerramento do dia principal do chamado Fim-de-Semana de Governação Ibrahim (Ibrahim Governance Weekend, IGW na sigla inglesa), que este ano tem como tema “África Global: O lugar de África no mundo de 2023”.

O IGW decorre anualmente num país africano diferente, mas em 2021 foi efetuado por videoconferência devido às restrições impostas pela covid-19 e em 2022 foi substituído por um fórum dedicado às questões ambientais de preparação para a COP27.

A Fundação Mo Ibrahim foi criada em 2006 pelo empresário sudanês Mo Ibrahim para promover a importância da liderança política e da governação pública e impulsionar o desenvolvimento económico e social em África.

Além do Prémio Ibrahim de Excelência na Liderança Africana, é também responsável pelo Índice Ibrahim de Governação Africano, que mede anualmente a qualidade da governação em 54 países africanos através da compilação de dados estatísticos e a atribuição de bolsas de estudo e investigação.

A agência Lusa viajou para o Quénia a convite da Fundação Mo Ibrahim.

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