Reflexão: MASSACRES EM CAFUNFU – “UMA ANÁLISE À LUZ DOS VALORES ÉTICOS”

Reflexão | MASSACRES EM CAFUNFU – UMA ANÁLISE À LUZ DOS VALORES ÉTICOS
 
O texto que começas a ler agora é especialmente dedicado a ti caro leitor e cidadão angolano, enquanto povo sofredor, e ao mesmo tempo batalhador, ao seu governante que constantemente te oprime, deprime e , muitas vezes chega a ceifar tua própria vida. Estão , igualmente, disponíveis histórias, experiências, factos que marcaram e continuam a marcar a vida dos angolanos e do mundo em geral – massacres em Cafunfu.
Entretanto, espero que ao longo do desenvolvimento do texto possa naturalmente mudar a sua visão sobre a vida , seu valor e a morte enquanto “situação limite” , tal como descreve Jean Paul Sartre.
 
O REI OPULENTO E ABUSIVO QUE DECIDIU RENDER-SE ANTES DE MORRER
 
“Reza a história que havia um rei que ao perceber que a sua morte se aproximava decidiu chamar o seu súdito e disse-lhe : quando eu morrer quero que o meu caixão seja carregado por melhores médicos da cidade , que toda a minha fortuna, jóia, ouro e dinheiro seja carregado pelo cortejo até ao cemitério e que as minhas mãos sejam estendidas fora do caixão. Aquele jovem vassalo todo pasmo com as palavras de seu rei , sobre o pedido inusitado e movido pela dúvida pediu que o explicasse detalhadamente e então o rei retorquiu -lhe : quero que as pessoas vejam que por mais rica seja uma pessoa seja e mesmo que possa pagar os melhores médicos ela não conseguirá vencer a morte . Não ha medicina e não se conhece ciência alguma que tenha vencido a morte , por mais investimentos sejam feitos. E quando peço que espalhem a minha fortuna quero que as pessoas vejam que por mais rica e poderosa uma pessoa possa ser ela jamais conseguirá comprar a morte. Tudo que aqui adquirimos aqui vai ficar , ninguém levará bens materiais junto a si .Então o súdito disse ao rei que até entende isso mas questiona porquê as mãos fora do caixão, uma vez que não entendeu , o rei prosseguiu – é para que todos possam ver que nós viemos para este mundo de mãos vazias e assim sairemos dele. “
 
Particularmente, estou em crer que até aqui esta história mexeu com seu âmago, sua sensibilidade, por isso, deve servir -nos de reflexão, mormente os governantes.
 
Para o filósofo Thomas Nagel , “A vida é o único bem supremo , e que portanto devíamos cuidá-la a todo custo “ (Nagel, 1957 p.45) .
 
Quanto a morte o autor considerava como sendo a suspensão intemporal da vida , mas questionava se a morte é um mal (?!) vamos refletir.
 
Com efeito, a vida é o mais elevado bem que sobrou -nos enquanto seres humanos , maxime angolanos, que (in) felizmente falta-lhes tudo , até o básico (Saúde, Educação, Habitação, emprego e salário digno…), por isso , devíamos cuidá-la, protegê-la e valorizá-la de forma absoluta.Desde o nosso primeiro dia de existência , a pessoa humana deve ver reconhecido os seus direitos como pessoa, mormente à vida que é um direito inalienável.
 
O que aconteceu em Angola, na província da Lunda Norte, na vila de Cafunfu, é uma situação de se bradar aos céus. É necessário que se esteja desprovido de coração e ser animalesco para atirar-se contra cidadãos manifestantes, por sinal , indefesos , mortos a tiros por aqueles que em condições normais estariam protegendo suas vidas . Mas não,Lamentavelmente.
 
O problema das mortes em Angola e pelo mundo em geral deve-se a falta de Ética. Daí que sempre defendi a necessidade de se implementar o ensino da Ética desde a base, caso seja efectivado , acreditem que muitos problemas ligados a esta natureza poderão mitigar. Fora disso será sempre um fiasco , pois , a estupidez humana em si já é um atentado a vida pública e quando é associado a falta de Ética é uma hecatombe, um descalabro humano.
 
Portanto, vamos repensar Angola, discutir e impor ao Estado angolano discussões sérias sobre o valor à vida humana e, como não poderia deixar de ser , a necessidade de se reeducar rigorosamente os agentes da Polícia Nacional, FAA (Forças Armadas Angolanas) , SINSE , etc., com conhecimentos ético – filosóficos e culturais.
 
 
Hélder Mwana Afrika
 
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