Representante do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) em Angola sugere maior divulgação da “diversificação económica”

O Representante do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) em Angola disse hoje que o país lusófono continua ainda a ser visto, quase exclusivamente, como um produtor de petróleo, defendendo uma maior divulgação da diversificação económica.

Pietro Toigo foi hoje um dos oradores na mesa-redonda sobre Financiamento de Infraestruturas em Angola, promovida pela PLMJ Colab Angola — RVA Advogados, para análise de modelos alternativos para a implementação de infraestruturas no país.

Segundo o representante, na semana passada realizou-se a Cimeira de Dacar 2, sob o tema “Alimentar África: soberania e resiliência alimentares”, organizada pelo Governo senegalês e pelo BAD, em que muitos investidores ficaram a saber, pela primeira vez, que Angola é um país onde se pode investir no setor da agricultura.

“Foi muito interessante a interação com investidores privados, que disseram ter descoberto Angola, pela primeira vez, como um país onde se pode investir na agricultura. Porque lá fora, muita da narrativa de mudança de estratégia, de mudança de modelo de desenvolvimento económico, da ênfase sobre a diversificação económica, ainda não passou, e então, Angola continua a ser vista como país petrolífero e quase que exclusivamente petrolífero”, referiu.

A Cimeira de Dacar 2 reuniu dezenas de dignitários, incluindo 34 chefes de Estado e de Governo, 70 ministros e parceiros de desenvolvimento.

O representante do BAD em Angola sublinhou que nalgumas áreas e setores o mercado internacional ainda “não está a ver Angola como líder de um setor”.

Por sua vez, o presidente do Comissão Executiva do Standard Bank Angola, Luís Teles, defendeu a aceleração dos investimentos em Angola para que a economia cresça mais do que os 3% previstos para este ano, sendo necessário um maior envolvimento do setor privado.

“O Estado não tem capacidade de endividamento e orçamental para executar todos os projetos que são necessários ao país e que estão já identificados. Para isso acontecer é necessário haver um diálogo próximo com o setor privado, que eu acho que está a acontecer — tem de melhorar -, mas está a acontecer, através dos ministérios dos vários setores”, sublinhou.

Luís Teles realçou que o setor privado está disponível para participar em todos os projetos, considerando “muito importante” atrair empresas multinacionais, com muita experiência, líderes mundiais, que tragam melhores práticas e ‘know-how’, não se esquecendo das empresas nacionais para introduzir conteúdo local nessas grandes obras.

“É necessário começarmos pequenos, nos projetos de PPP [parcerias público privadas] especificamente, fazermos projetos-piloto, que possam servir de exemplo para depois serem replicados e conterem algumas aprendizagens e não tentarmos começar com projetos demasiado grandes, que são muito difíceis e levam muito anos a implementar”, sublinhou.

O responsável do Standard Bank Angola realçou também a importância de haver uma perceção internacional de que Angola está no bom caminho, no sentido de criar essa confiança, que há estabilidade macroeconómica, que há incentivo à concorrência, à participação do setor privado, que há mais transparência, mais comunicação em relação ao que é a visão que existe para o país e quais são os projetos prioritários.

“E é necessário ir lá às entidades, dialogar. Acho que nos últimos anos Angola tem feito um excelente trabalho, no sentido de ir ter com essas entidades, de mostrar todo o trabalho que está a ser feito e tem sido elogiado por essas entidades”, referiu Luís Teles, citando o Fundo Monetário Internacional, e apontando a necessidade de o país se posicionar para ser competitivo do ponto de vista da atração de investimento.

 

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