Sem qualquer deputado, “Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE)” liberta partidos para se organizarem internamente

O Presidente da coligação Manuel Fernandes advertiu que até 2027 “só poderão fazer parte da organização aqueles partidos que estiverem organizados, estruturados e com algum peso político nacional”.

O presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) anunciou nesta terça-feira, 9, a descontinuidade do actual modelo de funcionamento e de gestão da coligação “para os partidos se organizarem internamente”, num contexto de organização política extra-parlamentar.

Manuel Fernandes, que evitou falar em desmembramento da coligação, afirmou tratar-se da “adaptação da CASA-CE ao novo contexto e admitiu a refundação de alguns partidos membros”.

Aquele dirigente político advertiu que até 2027 “só poderão fazer parte da organização aqueles partidos que estiverem organizados, estruturados e com algum peso político nacional”.

Fernando revelou ainda que muitas destas organizações políticas “viviam à sombra da coligação e não faziam o trabalho de casa” e que é preciso que os partidos trabalhem.

“Apesar de termos sido injustiçados pela máquina fraudulenta, também houve brechas internas que concorreram para os maus resultados, do ponto de vista de organização dos partidos coligados”, reconheceu.

Trajectória da coligação

A Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) é uma coligação eleitoral de partidos políticos em Angola criada em 2012 pelo político Abel Chivukuvuku e integrada inicialmente pelo Partido de Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), Partido de Apoio para Democracia e Desenvolvimento de Angola – Aliança Patriótica (PADDA-AP), Partido Pacífico Angolano (PPA) , Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA) e mais tarde pelo PDP-ANA.

A coligação contou também, na sua fundação, com figuras tradicionalmente ligadas ao MPLA, como foram os casos do general na reforma, André Mendes de Carvalho, do jurista Lindo Bernardo Tito, então dirigente do Partido de Renovação Social (PRS), e ainda de vários antigos membros da UNITA.

Nas eleições de 2012, a plataforma política elegeu oito deputados, com 6% dos votos, e no pleito de 20217 a agremiação política viu subir para 16 o número de assentos no Parlamento, tendo passado para a condição de terceira força mais representativa na Assembleia Nacional.

Afastamento de Abel Chivukuvuku

Divergências internas entre o líder fundador e os presidentes das formações políticas integrantes levaram ao afastamento de Abel Chivukuvuku, acusado, na altura, de pretender transformar a coligação em partido político, sob a sua liderança.

A destituição de Chivukuvuku da liderança, em 2019, por alegada “falta de confiança política” ditou praticamente o desmoronamento da plataforma política com a saída de vários membros entre deputados e militantes afectos ao líder fundador.

A eleição para a presidência da CASA-CE de André Mendes de Carvalho “Miau”, por sinal amigo de longa data de Abel Chivukuvuku, agudizou a crise interna, ao nível da cúpula, que resultou na divisão da bancada parlamentar com o surgimento de “deputados independentes”.

Mendes de Carvalho veio igualmente a ser afastado da direcção tendo a coligação indicado Manuel Fernandes como cabeça de lista e Alexandre Sebastião André vice-cabeça de lista para as eleições de 2022.

Nestas circunstâncias, “a CASA-CE concorreu ao pleito tendo ficado em sexto lugar, com 47, 446 votos nas urnas, o seu pior resultado eleitoral, e consequentemente perdido todos os assentos no Parlamento conseguidos em 2017”.

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