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Sociedade civil angolana protestam contra “subsídios milionários” aos deputados. Angolanos pedem a revogação da resolução da Assembleia Nacional

Sociedade civil angolana quer a revogação da resolução da Assembleia Nacional que atribui “subsídios milionários” aos deputados. A exigência foi manifestada numa marcha pacífica realizada este sábado (22.07), em Luanda.

Para os manifestantes, as regalias atribuídas aos parlamentares não se justificam num momento em que a maior parte dos cidadãos enfrenta enormes dificuldades para colocar comida na mesa.

A ativista pelos direitos das mulheres Yared Bumba acusa os deputados de votarem leis que não beneficiam o povo.

“Hoje compramos o quilo de arroz a 800 kwanzas [0,87 euros] e há angolanos que não têm nem 200 kwanzas [0,22 euros]. E é responsabilidade dos deputados exigir a melhoria da condição do povo angolano. Senhores deputados, estamos de olhos em vocês”, avisou a manifestante.

Os 220 deputados que compõem o Parlamento vão beneficiar de subsídios de instalação e de fim de mandato avaliados em 22,6 milhões de kwanzas [cerca de 24 mil euros] e 24,5 milhões de kwanzas [cerca de 27 mil euros], respetivamente.

A funcionária pública Benvinda Sebastião considera “injustas” as regalias dos “representantes do povo”.

“É uma decisão injusta quando há empresas do Estado em que os funcionários ganham muito pouco… Nesse caso 30 mil kwanzas [cerca de 32,60 euros] ou 35 mil kwanzas [38,04 euros], e aos deputados são atribuídos subsídios milionários. Isso é muita injustiça”, reitera.

“Será que isto é justo?”

Benvinda Sebastião, que trabalha na Empresa Nacional de Pontes, pede ao Governo que paga os sete anos de salários em atraso aos trabalhadores afetos ao Ministério das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação.

“Será que isto é justo, quando os ministros têm salários de cinco milhões de kwanzas [cerca de 5433 euros]? Não conseguem pagar o salário dos trabalhadores que auferem salários de 200 mil kwanzas [217,35] para baixo?”, questionou.

No manifesto lido pelo jurista Hélder Chiuto, organizador da marcha, os manifestantes revelam que a soma dos subsídios atribuídos aos 220 deputados representa 700 salários mínimos nacionais.

Os cidadãos descontentes com as benesses dos deputados reafirmam que vão solicitar a impugnação da resolução aprovada por unanimidade pelos partidos com assento parlamentar.

protesto vai prosseguir nos próximos dias junto à sede da Assembleia Nacional, em Luanda, garante Hélder Chiuto.

“Dada a tamanha insensibilidade, vamos, em virtude deste erro crasso, apelar a título de recurso àquela corte legislativa a reapreciação do ato praticado e possível revisão da mesma e a sua posterior revogação”, afirmou.

A marcha em que foram dirigidas várias críticas à oposição foi escoltada por membros da Polícia Nacional.

 

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