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Justiça angolana notifica dissidentes da “Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)” para abandonarem templos

A Justiça angolana notificou os dissidentes da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola para que abandonem os templos, depois de ser reconhecida oficialmente a nova liderança da igreja agora conhecida como IRDA.

Em declarações à Lusa, Alberto Segunda, bispo que lidera a Igreja do Reino de Deus em Angola (IRDA), disse que estão em causa cerca de 30 dos mais de uma centena de templos desta confissão religiosa no país, marcada nos últimos anos por dissidências, conflitos e casos judiciais.

A nova denominação foi formalizada em março pelo Governo angolano, em decreto executivo assinado pelo ministro da Cultura, Filipe Zau, que determina também a transferência de todo o património para a IRDA.

O documento foi contestado pelos dissidentes por alegados vícios em favor de Alberto Segunda, que foi reconhecido pelo Estado angolano como líder oficial em Angola, depois de ser eleito em Assembleia Geral.

“Estamos na fase derradeira de resolução desse processo (…) com base nessa assembleia e no reconhecimento do Estado determinou-se que todo o património da ex-IURD hoje faz parte da IRDA”, disse Alberto Segunda à Lusa, à margem de um fórum sobre problemas ligados ao fenómeno religioso em Angola, que decorre em Luanda.

“O que está a acontecer é que os dissidentes que faziam parte da IURD estão a ser notificados para devolver todo o património da IRDA”, disse, sublinhando que acredita que o conflito está a acabar.

Alberto Segunda disse que foram enviadas notificações a pastores de 33 a 34 catedrais para que abandonem estes edifícios.

A IRDA tem mais de 100 templos a nível nacional.

O religioso adiantou que não tem conversado com os dissidentes já que a questão está a ser tratada a nível judicial.

“É a justiça que os notificou, é a justiça que vai resolver essa questão. O que está a acontecer agora é um processo que já deveria ter sido feito quando a sentença transitou em julgado em 2022, mas hoje como as coisas estão mais claras, com base na assembleia geral que foi realizada, e o Estado reconhecendo a liderança, o tribunal sente-se mais confortável e sabe a quem deve entregar qo património da Igreja. É o tribunal que está a resolver tudo”, salientou.

Os templos da ex-IURD estiveram encerrados alguns anos devido às disputas internas que, desde 2019, opuseram bispos e pastores angolanos à liderança brasileira da igreja, acusando os gestores brasileiros de vários crimes, nomeadamente branqueamento de capitais, evasão de divisas, obrigação de vasectomia e racismo.

Vários templos foram apreendidos e encerrados por ordem da Procuradoria-Geral da República, que abriu um processo que resultou na condenação do bispo brasileiro Honorilton Gonçalves, a três anos de prisão, com pena suspensa, por crimes de violência física e psicológica.

Em abril de 2022, o tribunal de Luanda determinou o “desbloqueio dos bens móveis e imóveis da IURD em Angola”, mas os templos voltaram a encerrar poucos dias depois para serem entregues à direção “legitimada pelo Governo angolano”.

Do conflito surgiram duas alas – a de origem brasileira, liderada agora pelo angolano Alberto Segunda, e legitimada pelo Governo angolano, e a ala dissidente, também angolana, dirigida por Bizerra Luís, que reclama ser legítima representante da Igreja fundada pelo brasileiro Edir Macedo.

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