Bispo “reformista” da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) Angola diz que “irregularidades” travam reconciliação

O Bispo Valente Bizerra Luís, líder da ala “reformista” da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) Angola, disse hoje que a reconciliação entre os fiéis não se concretizou devido a “irregularidades” praticadas pelo bispo Alberto Segunda e pelo ministro da Cultura de Angola.

“[Fala-se] tanto de conciliação, porém essa reconciliação nunca se efetuou por conta de irregularidades no acordo do bispo Alberto Segunda [atual líder da IRDA, nova denominação da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)] e irregularidades também do senhor Filipe Zau, ministro da Cultura”, disse hoje Valente Bizerra Luís em entrevista à Lusa.

De acordo com o religioso, que contesta o decreto executivo que aprovou a Igreja do Reino de Deus em Angola (IRDA), como nova denominação da IURD, o Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos (INAR) também cometeu “irregularidades” por ter legitimado a liderança de Alberto Segunda, “uma vez que o mesmo não cumpriu com o acordo de conciliação”.

A nova denominação foi reconhecida em março pelo Governo angolano, em decreto executivo assinado pelo ministro Filipe Zau, que determina também a transferência de todo o património para a IRDA, documento contestado pelos dissidentes por alegados “vícios” em favor de Alberto Segunda.

Em carta de reclamação e protesto, remetida ao ministro da Cultura e a que a Lusa teve hoje acesso, Valente Bizerra Luís lamenta que o INAR em nenhum momento tenha informado a IURD sobre o andamento e a existência do processo de alteração da denominação da igreja.

Para o bispo Valente Bizerra Luís, tal posição favorece o bispo Edir Macedo, fundador da IURD, “para desta forma continuar a humilhar e escravizar os angolanos”, lamentando que Alberto Segunda tenha recebido um “apoio político partidário expresso”.

O líder da ala “reformista” condenou também a “detenção ilegal” dos mais de 30 pastores e obreiros da IURD, no domingo, em Luanda, na sequência da reabertura dos templos pela liderança da IRDA, referindo que estes “pretendiam participar do culto” e foram “agredidos e arrastados da maneira mais desumana”.

“A detenção foi ilegal, tanto é que fizemos uma denúncia pública sobre este assunto”, frisou.

Em relação à reabertura dos templos, o bispo da ala dita “angolana” disse que esta “não é permanente”, por ter impugnado a ata da reunião realizada pelo bispo Alberto Segunda, afirmando que o “processo está em curso”.

“Também escrevemos para o Ministério da Cultura para a retificação [do decreto executivo] e também impusemos o recurso hierárquico [impugnação do ato administrativo]”, concluiu o responsável.

Em declarações à Lusa, na terça-feira, o atual líder da Igreja do Reino de Deus em Angola disse que a sua liderança foi “legitimada em assembleia de fiéis”.

Alberto Segunda lembrou que o acordo de conciliação entre as partes desavindas — ala brasileira liderada por si e ala angolana, presidida pelo bispo Valente Bizerra Luís — foi mediado pelo Estado angolano e assinado pelas duas partes.

“Nós levamos o povo às urnas para determinar quem seria o líder da IURD em Angola, no dia 14 de janeiro passado, dentro do acordo de conciliação”, recordou, acrescentando que “o outro lado não participou por entender que não teria de ser o povo a escolher o líder”.

O responsável afirmou que a sua liderança foi legitimada por unanimidade numa assembleia onde foram habilitados para votar 44 mil fiéis e cujos resultados foram reconhecidos pelo Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos.

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