África: Chefe de Estado do Senegal foi eleito “presidente da União Africana (UA)” e condena golpes de estado

Macky Sall sucede na presidência rotativa da UA a Felix Antoine Tshisekedi Tshilombo, Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo), que concluiu o seu mandato.

O Chefe de Estado do Senegal, eleito este sábado presidente da União Africana, numa cimeira em Adis Abeba, considera os golpes de Estado em África um “grande ataque à democracia e à estabilidade institucional no continente”.

“Os chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA) elegeram o Presidente do Senegal, Macky Sall, como o novo presidente da União Africana para o ano 2022”, lê-se num comunicado emitido pela organização, que representa 55 Estados africanos.

De acordo com a mesma nota, no seu discurso de aceitação, Macky Sall referiu-se às crises mais recentes do continente e afirmou: “Não esqueço o ressurgimento do fenómeno dos golpes de Estado, que constitui um grande ataque à democracia e à estabilidade institucional no continente”,

Isto numa alusão aos golpes de Estado que ocorreram no Mali, Burkina Faso, Guiné-Conacri e à mais recente tentativa na Guiné-Bissau.

A eleição de Macky Sall decorreu durante a 35.ª Sessão Ordinária da Assembleia da União, que se realiza presencialmente na sede da UA, em Adis Abeba, Etiópia, sob o tema “Reforçar a Resiliência na Nutrição e Segurança Alimentar no Continente Africano”: “Reforço dos Sistemas Agro-alimentares, Saúde e Protecção Social para a Aceleração do Desenvolvimento Humano, Social e Económico”, adianta a nota.

Macky Sall sucede na presidência rotativa da UA a Felix Antoine Tshisekedi Tshilombo, Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo), que concluiu hoje o seu mandato para o ano de 2021.

A eleição do novo líder rotativo da UA, bem como a assembleia, ocorreram na sessão da abertura oficial da 35.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da UA, na presença do presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, da vice-presidente da Comissão da UA, Monique Nsanzabaganwa, de representantes das Nações Unidas e da Comissão Económica Regional, entre outros dignitários e convidados e responsáveis da UA.

A composição da nova mesa da Assembleia dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana para 2022, tal como apresentada pelo decano do Comité de Representantes Permanentes (PRC), é a seguinte: “O Presidente da União Africana (UA), é o cargo ocupado pelo Presidente da República do Senegal, (região da África Ocidental). Para o cargo de primeiro Vice-Presidente da União as consultas ainda estão em curso. Já o relator será da RDCongo – (região da África Central), o segundo Vice-Presidente é da Líbia, (Região Norte); e o terceiro Vice-Presidente de Angola, (Região Sul) do continente africano”

No seu discurso final, o Presidente Felix- Antoine Tshisekedi desejou ao sucessor “uma presidência bem-sucedida e agradeceu aos chefes dos Estados-membros da UA, bem como ao gabinete da UA, o apoio prestado durante o seu mandato.

Um mandato que considerou “marcado pela crise sanitária que prevalece, causada pela pandemia de covid-19”.

O Presidente da RDCongo salientou ainda assim “algumas das realizações” sob a sua presidência da União, “nomeadamente, o empoderamento económico das mulheres e dos jovens, o reforço da democracia e da boa governação, entre outros programas de desenvolvimento no âmbito da Agenda 2063”, segundo o comunicado.

Além disso, sublinhou “as iniciativas empreendidas sob a sua liderança para enfrentar os desafios da pandemia”.

No seu discurso de aceitação, o Presidente do Senegal, Macky Sall, disse “apreciar a honra, aliada à responsabilidade e confiança investidas na sua pessoa, e nos membros da nova mesa, de liderar o destino da organização durante o próximo ano”.

“Agradeço-vos e asseguro-vos do nosso compromisso de trabalhar em conjunto com todos os países membros no exercício do nosso mandato”, afirmou o novo Presidente da União.

Macky Sall prestou homenagem aos fundadores da Organização e sublinhou: “Seis décadas depois, a sua visão luminosa continua a inspirar a nossa convivência e a iluminar a nossa marcha unida em direção ao ideal da integração africana”.

“É precisamente neste espírito pan-africano que o Presidente Léopold Sédar Senghor tinha proposto, na cimeira da OUA de julho de 1964, estabelecer ‘uma autoridade política e moral permanente da Conferência de Chefes de Estado e de Governo’ para dar um impulso de alto nível à gestão dos assuntos do continente”, recordou.

O recém-eleito Presidente da União manifestou o seu apreço pelos consideráveis esforços dedicados ao serviço do continente africano realizados pelo seu antecessor e realçou: “Ao celebrar este ano o seu 20.º aniversário, a nossa União pode orgulhar-se dos progressos realizados no âmbito de grandes iniciativas como a NEPAD, PIDA, APRM, Vision 2063, a reforma institucional, a Grande Muralha Verde, a AfCFTA e, mais recentemente, a nossa resposta coordenada à pandemia de covid-19”.

“Ao mesmo tempo, os nossos desafios continuam a ser numerosos e prementes; nomeadamente nos domínios da paz e da segurança, da luta contra o terrorismo, da proteção ambiental, da saúde e do desenvolvimento económico e social”, salientou.

 

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