Angola: Banco Central (BNA) considera “mudança comportamental” como principal desafio da cibersegurança

O Administrador do banco central angolano considerou hoje a mudança comportamental dos seus quadros como o grande desafio em termos da cibersegurança, já que em termos tecnológicos a instituição está preparada para minimizar efeitos de eventuais ataques.

Segundo Pedro Castro e Silva, a cibersegurança é uma nova cultura, uma nova forma de estar dentro das organizações.

“Antes era comum ver funcionários nossos levantarem-se do posto e irem falar com o colega, fazer uma outra coisa qualquer no banco e não fechar a sessão ou pelo menos bloquear, portanto, deixar completamente aberta”, exemplificou o responsável, que hoje falou sobre “Perspetivas de Evolução Tecnológica do Banco Nacional de Angola” (BNA), no evento de apresentação da 13ª edição do estudo sobre as “Tendências Tech Trends 2022”, da Deloitte.

O administrador do BNA citou também casos de funcionários que, em encontros regionais ou internacionais, abriam o portátil para trabalhar ao lado de pessoas que não estavam ligadas ao banco ou até que nem conheciam.

“A questão comportamental, no nosso caso particular, tem sido aquela que, em nossa opinião, deve merecer maior atenção”, realçou.

Para Pedro Castro e Silva, o tema da cibersegurança “é presente, é premente” e vai estar sempre atual nas instituições.

Segundo o administrador, a Agência de Proteção de Dados angolana está muito envolvida neste tema e a nível do sistema bancário, os bancos estão devidamente protegidos com a implementação de ‘software’ e com testes de penetração a serem feitos regularmente.

“Mas ter bons ‘softwares’, ter boas infraestruturas de combate ao cibercrime não garante que nunca vai acontecer. O que nós temos que ter é a garantia de saber como é que vamos reagir e como é que vamos agir para que sejam minimizados os efeitos de um potencial cibercrime”, disse.

Pedro Castro e Silva informou que o banco central angolano preocupado com esta matéria começou por fazer a classificação da sua informação, o que não existia, passando depois para a questão da tecnologia.

“Hoje temos o banco com ‘software’ implementado, incluindo uma parceria que temos com uma outra entidade, que nos ajuda a fazer testes de penetração”, frisou.

Relativamente a este tema, o presidente da Deloitte Angola, José Barata, defendeu maiores investimentos na capacitação das pessoas, responsáveis pela operacionalização de todos os sistemas.

“O que temos estado a assistir a nível mundial é que as ameaças existem, estão aí, são constantes, e as organizações terão que fazer investimentos significativos também a nível da cibersegurança”, realçou.

José Barata, que falava à imprensa no final do evento, reiterou a importância de maiores investimentos tecnológicos em cibersegurança, porque “hoje em dia (…) é mais fácil assaltar um banco, não nas agências, de forma tradicional, mas sim através dos seus sistemas de informação”.

“Daí a necessidade de as instituições fazerem investimentos tecnológicos em cibersegurança, mas também em processos, e, uma vez mais, na chave de tudo isto são as pessoas. As pessoas é que operam os sistemas e é aí onde se deve concentrar o grande investimento, na capacitação das pessoas”, observou.

Sobre as tendências tecnológicas apresentadas no estudo, Pedro Castro e Silva avançou que com o ‘blockchain’ a questão da análise de risco do crédito poderá ser melhorada, já que esta tecnologia permite o cruzamento de informações entre bancos sobre um evento de incumprimento de crédito.

O estudo da Deloitte destaca que o “‘blockchain’ e as plataformas tecnológicas similares estão a mudar a natureza do mundo empresarial, indo além das fronteiras organizacionais e ajudando muitas empresas a reinventar a forma como criam e gerem ativos tangíveis e digitais, com maior segurança e ‘compliance’ transnacional”.

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