Angola: Banco Poupança e Crédito (BPC) só permite levantamento de até “55 mil kwanzas” aos clientes

As restrições nos levantamentos já duram há várias semanas e têm provocado constrangimentos aos clientes, como apurou o Valor Económico. “Quem quiser tirar mais valores tem de regressar ao banco vários dias e isso quando se consegue tirar dinheiro”, explica um cliente. “Muitas vezes, ficas horas na fila e, quando finalmente é a tua vez de seres atendido, comunicam-te que não há sistema e que tens de procurar outra agência”, acrescenta outro cliente. As empresas e particulares com contas domiciliadas no Banco Poupança e Crédito (BPC) só podem levantar diariamente nos balcões até 55 mil kwanzas.

Contactado, o Gabinete de Comunicação e Imagem do banco prometeu dar esclarecimentos, mas, até ao fecho da edição, não respondeu. Várias outras fontes do BPC confirmaram, no entanto, a informação.

PROBLEMAS PERSISTEM

Os clientes do BPC têm enfrentado, nos últimos meses, sérias dificuldades em levantar dinheiro nos balcões e nos multicaixas. O problema ora melhora, ora piora. O banco já veio a público muitas vezes justificar-se. Hoje (20) o banco comunicou que voltou a enfrentar uma limitação dos seus serviços por causa de um ataque cibernético, com origem e causas ainda desconhecidas. O ataque, segundo o banco, afectou alguns servidores, que ficaram temporariamente limitados a alguns dos serviços prestados nas agências da rede comercial do banco. Recentemente, o banco justificava os vários problemas técnicos com  “limitações de processamento e do funcionamento do ‘core bancário’, por causa da pressão que é exercida sobre a infra-estrutura tecnológica do banco”.

Na sua edição passada, o Valor Económico trouxe, no entanto, a confirmação do governador do BNA de que o BPC vai continuar a dar “algumas dores”, contrariando declarações anteriores do seu vice, segundo as quais o considerado maior banco público estaria sólido. Assegurando que o BNA tem estado a prestar “assistência de liquidez” ao BPC, José de Lima Massano relacionou os problemas do banco comercial público com o facto de ter sido recapitalizado essencialmente com títulos públicos. “O banco foi recapitalizado, mas essencialmente com títulos de dívida pública e estes títulos não têm liquidez imediata como o banco gostaria. Isto causa outra natureza de constrangimento. O banco está num processo de reestruturação e, durante este período, vamos ter sempre algumas dores”, precisou Massano.

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