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Angola: Estudantes universitários “manifestaram-se” pelo retorno às aulas nas universidades públicas

Mais de 100 estudantes marcharam hoje, em Luanda, pelo retorno às aulas nas universidades públicas, paralisadas há mais de um mês devido à greve dos professores.

Mais de 100 estudantes marcharam hoje, em Luanda, pelo retorno às aulas nas universidades públicas, paralisadas há mais de um mês devido à greve dos professores, reprovando os salários “míseros” dos docentes e pedindo intervenção do Presidente angolano.

A manifestação promovida pelo Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) contou com a participação de estudantes das instituições públicas do ensino superior, que deploram a paralisação das aulas, alguns docentes e teve acompanhamento da polícia nacional.

“Estudar é um direito, não é um favor”, a “educação não é inimiga da política”, “João Lourenço, atende os professores” e “valorizar o professor é pagar bons salários” eram algumas das frases estampadas nos cartazes que empunhavam.

A marcha, que teve início das 13:00 locais no largo do Cemitério Santa Ana, percorreu a extensão da avenida Deolinda Rodrigues e culminou no largo do 1º Maio, junto da estátua do primeiro presidente angolano, António Agostinho Neto.

Marcada por várias paragens ao longo do percurso, com cânticos e palavras de ordem que pediam a exoneração da ministra do Ensino do Superior e intervenção do Presidente angolano, João Lourenço.

Dois cordões de efetivos da polícia nacional, entre agentes da ordem pública e da brigada de cavalaria, seguiram de perto a marcha dos estudantes até o seu término.

“É preciso sempre nos solidarizarmos com os nossos professores, são pessoas muito batalhadores e se sacrificam todos os dias e muitos deles circulam a pé e de táxi connosco”, afirmou o estudante Donito Carlos, em declarações à Lusa.

O estudante de história do Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda, afeto à Universidade Agostinho Neto (UAN) enalteceu igualmente a “postura republicana” dos efetivos da polícia, no decurso da manifestação, dando “nota positiva” à sua atuação.

Adriano Gonçalves, Instituto Superior das Ciências da Saúde da UAN, também respondeu afirmativamente ao apelo do MEA, e participou na marcha para prestar solidariedade aos docentes, lamentando, no entanto, a falta de aulas há mais de um mês.

“Já se vai um mês e, até ao momento, para nós, os estudantes, é constrangedor”, lamentou.

Aumento salarial, melhores condições laborais e pagamento da dívida pública constituem algumas das razões da greve, “por tempo indeterminado”, dos docentes universitários angolanos, que teve início em 03 de janeiro de 2022.

O secretário-geral do Sindicato dos Professores do Ensino Superior angolano, Eduardo Peres Alberto, lamentou, recentemente, à Lusa, a “falta de respostas concretas” do Ministério do Ensino Superior sobre suas reivindicações.

Para Orlando Sebastião, estudante do Instituto Superior das Ciências da Saúde da UAN, a manifestação visou alertar o Governo angolano para a necessidade de “atender às reivindicações dos docentes”, tendo aplaudido também a “atuação republicana” da polícia.

A “falta de professores” nas instituições do ensino superior públicas “é preocupante”, no entender de Nsamba Antonica Francisco, Faculdade de Humanidades da UAN, que aderiu à marcha para “chamar a atenção” da ministra do Ensino Superior sobre a situação dos docentes.

“Estamos aqui em luta pelos direitos dos professores”, afirmou.

Um manifesto a favor do regresso às aulas nas instituições públicas do ensino superior foi apresentado no final da marcha por Albina Joaquina, membro do secretariado nacional para o Ensino Superior do MEA, que “deplorou” a situação dos docentes.

“Infelizmente, precisamos lembrar ao Estado que o professor não é animal e é obrigação do Estado zelar pela educação dos seus cidadãos (…). Num estado que se diz de direito e democrático, entendemos que esta greve está a afetar estudantes num momento que o curso de química da UAN conta apenas com um professor”, realçou.

A greve dos docentes universitários angolanos entra para mais uma semana, numa altura em que última ronda negocial fracassou pelo facto da ministra do setor “não apresentar uma contraproposta salarial para os docentes”, segundo Eduardo Peres Alberto.

 

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