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Angola: Já rule 333, o que queres: salvar o país ou ser derrubado?

Quero, por introito, deixar claro que não acredito que o MPLA será removido do poder através de eleições. Ademais, não reconheço legitimidade ao MPLA, pois, além de ter chegado ao poder pela via da violência, tem-se mantido no poder através da fraude.

Há anos, de diversas formas, tenho asseverado o que digo acima, e assumo as minhas posições sem gaguejar nem tremelicar, mesmo que me tenham custado caro, como foi no caso do Processo 15+2.

‘Aqueles que fecham o caminho para uma revolução pacífica, abrem o caminho para uma revolução violenta’ (Hugo Chávez 1954-2013).

Transcorridos 45 anos desde à fundação do Estado angolano, a 11 de Novembro de 1975, a conclusão é clara: Angola é um projecto falhado.

O facto de o MPLA (uma organização criminosa com aparência de partido político) estar no poder há 45 anos é ilustração eloquentíssima da imensa tragédia em que se resume Angola.

De facto, «a História convoca-nos, a todos Nós, a reflectir no imenso projecto falhado em que se transformou a Angola fundada a 11 de Novembro de 1975, porquanto, efectivamente, o nosso percurso no tempo e no espaço tem sido marcado por uma infinidade inenarrável de tragédias, as quais transformaram Angola numa caricatura civilizacional, e a vida de milhões de Nós passou a valer pouco mais do que a de uma galinha. Exclusão política, guerra, genocídios, governação sem projecto, saque desbragado do erário, corrupção estrutural, nepotismo, tráfico de influências, branqueamento de capitais, caos económico, pobreza agreste, miséria e fome, subversão da democracia, falsificação de eleições, chantagem política etc. constituem os ingredientes de um prato amargo como absinto que o Partido-Estado tem servido aos Angolanos e Angolanas.» (Manifesto do Projecto de Sociedade Alternativa, 2020:711).

Em Angola, o regime, agora liderado por Ja Rule 333, continua a bloquear as vias pacíficas a que os cidadãos e cidadãs têm recorrido para o alcance da mudança desejada, ou seja, a concertação social tem sido inviabilizada, as eleições gerais têm sido fraudadas, a Assembleia Nacional continua castrada e sem poder de fiscalizar o Governo, as eleições autárquicas continuam a ser inviabilizadas, e as manifestações continuam a ser inviabilizadas de forma violenta. O caminho pacífico para o alcance da mudança em Angola simplesmente tem sido bloqueado por causa do cancro chamado MPLA.

Os factos são claros e a mensagem é inequívoca: o único caminho para alcançar a mudança em Angola é o da revolução violenta. O MPLA será removido do poder pela mesma via como chegou ao poder em Angola – a via da violência.

Não estou a defender a guerra ou o golpe de Estado como vias para tal, pois, como já expliquei num texto anterior, tais até ajudariam a fortalecer o regime, logo, não servem.

O termo violência aqui deve ser também entendido como algo fora do normal, ou seja, fora dos mecanismos estabelecidos em sede de contrato político-jurídico. Segundo a Constituição da República, o acesso ao poder político é feito através de eleições, o que quer dizer que um golpe de Estado – militar ou não – constitui uma forma violenta de acesso ao poder.

Então, se guerra e golpe de Estado não são aconselháveis para Angola, qual é a opção que existe para remover o MPLA do poder, extingui-lo, e entregar o poder a uma entidade que tenha vontade política, génio político e projecto para tirar Angola da tragédia civilizacional em que se encontra?

A resposta é simples: desobediência civil.

O tempo do MPLA expirou. A História e a Vontade do Povo angolano em ser bem governado são incompatíveis com os 45 anos de uma governação ineficiente e ineficaz, ou seja, incompetente.

Quando a incompetência (ineficiência e ineficácia) de um governo se prova no tempo e na História, o Povo deve invocar o direito natural à desobediência civil. Sim, desobediência civil generalizada e organizada.

Os acontecimentos de 11 de Novembro de 2020 demonstraram claramente que a juventude angolana compreendeu que, da mesma forma que o colono português não caiu sem luta, o MPLA não será derrubado sem luta. O colono português era o problema número um de Angola. Da mesma forma, o MPLA é actualmente o problema número um de Angola e dos Angolanos.

Com o MPLA no poder, Angola não irá a lado nenhum.

Em Angola, realizar manifestações para exigir o cumprimento de promessas feitas é como introduzir a ficha de uma lâmpada eléctrica no focinho de um porco na esperança de que a lâmpada fique acesa.

O sentido da luta deve ser o de ocupar as ruas do país e as instituições, resistir e destituir Ja Rule 333 e seu partido, extingui-lo, bem como assegurar a entrega do poder a quem for do agrado do Povo.

O Povo angolano é maior que o MPLA, é maior que Ja Rule 333, é maior que o Governo, e pode derrubar o regime.

Ja Rule 333, que se revela um novo ditador, deve reflectir seriamente. É grande o risco de acordar na lata de lixo da História, ele e sua gente.

A desobediência civil é como um rio: é impossível de travar.

 Nuno Álvaro Dala

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