Um dia depois do Tribunal Provincial de Luanda, em Angola, ter condenado 76 activistas detidos no dia 24 quando manifestavam-se contra o desemprego e a favor da marcação da data das eleições autárquicas a um mês de prisão convertido em multa, alguns dos condenados vão avançar com um processo de indemnização contra o Estado e reafirmam a intenção de continuar os protestos.
Todos foram colocados em liberdade, mas 21 não tiveram qualquer acusação.
“O senhor Presidente quer dirigir o pais numa numa perspectiva militar o que não vai funcionar”, acusa Agostinho Kamuango, secretário-geral da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), braço juvenil da UNITA, quem acrescenta que as manifestações vão continuar.
“Vamos continuar firmes e a lutar para a democracia e justiça social”, reitera Kamuango.
Francisco Teixeira, presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), condenado a 30 dias de prisão convertidos em multas, assegura que os activistas vão continuar a defender uma Angola onde cabem todos e vão exigir que o Estado indemnize os detidos pelos danos causados.
“Nesta terça-feira, vamos contactar os advogados para abrir um processo contra as autoridades e exigir uma indemnização pelos danos causados a todos os presos políticos”, confirma Teixeira.
Zola Bambi, membro da equipa de advogados de defesa, reconhece que “foi uma luta” difícil, mas ganha e congratulou-se com o facto de que “todos estão em liberdade, menos uma senhora que está internada no hospital-prisão de São Paulo”.
Na audiência realizada no Pavilhão da Cidadela Desportiva ontem, 21 dos detidos foram libertados sem qualquer acusação, além dos seis profissionais de imprensa soltos na segunda-feira, 26 e alguns menores de idade.