Médicos angolanos cumprem hoje o terceiro dia de greve por tempo indeterminado, para reclamar melhores condições de trabalho e salariais, prosseguindo nova ronda de negociações entre as partes.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (Sinmea), Adriano Manuel, disse que na ronda de negociações realizada terça-feira foram abordados pontos fundamentais do caderno reivindicativo, submetido à entidade patronal em setembro passado.
Adriano Manuel referiu que hoje prossegem as discussões das reivindicações que dependem do Ministério da Saúde, nomeadamente o ponto que tem a ver com a melhoria das condições de trabalho dos médicos nas unidades sanitárias de nível primário, secundário e terciário, para o qual pedem a definição de um horizonte temporal para a sua execução.
Sobre o primeiro ponto do caderno reivindicativo, que exige a recolocação imediata do presidente do Sinmea, indemnização pelos danos causados pela sua transferência para os Recursos Humanos do Ministério da Saúde e nulidade do processo, foi solicitado um período de 24 horas para avaliar a proposta pela entidade patronal.
Em causa está um processo disciplinar movido contra Adriano Manuel, médico pediatra, por denunciar à imprensa a morte de 19 crianças de um total de 24 no banco de urgência do Hospital Pediátrico David Bernardino, tendo como consequência sido transferido para o departamento dos Recursos Humanos do Ministério da Saúde, justificado com a necessidade de mobilidade de quadros.
Face à exigência, o Ministério da Saúde propôs para a sua recolocação dois hospitais à sua escolha, a Maternidade Lucrécia Paim ou o Hospital Américo Boavida.
“Solicitamos 24 horas para fazermos esta avaliação, consultando a família, alguns colegas e a classe médica”, referiu Adriano Manuel.
Em relação ao quinto e sexto ponto do caderno reivindicativo, o sindicato exigiu a presença dos decisores para dizerem se estão ou não em condições para dar os salários solicitados.
“E em função disso vamos convocar uma assembleia onde os médicos vão decidir a que caminho chegar”, salientou o sindicalista, reiterando que se mantém a greve.