O Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) disse hoje que o retorno à greve dos professores universitários “caiu como uma bomba” no seio da classe estudantil, manifestando-se “tristes e indignados” pela “falta de sensibilidade” dos docentes e do Governo.
“Nós, o MEA, recebemos a notícia da greve como uma bomba e estamos indignados, revoltados, não aceitamos a retoma da greve, não aceitamos a postura do sindicato e também não aceitamos a postura do Governo”, afirmou hoje o presidente do MEA, Francisco Teixeira à Lusa.
“Entendemos nós que tem de haver sensibilidade, tem de se pensar Angola, pensar nação e pensar nação é resolver os problemas muito distantes das greves”, salientou.
Segundo Francisco Teixeira, os estudantes vão promover várias “ações de luta, protesto e indignação” contra o Governo e o Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior (Sinpes) angolano.
Porque, explicou, “entendemos nós que o ano letivo não pode ser anulado, pobres não podem pagar por irresponsabilidade dos adultos e nós vamos encontrar formas de solução, estamos tristes, insatisfeitos”.
“É o sonho de futuro de milhares de jovens em jogo e entendemos que há de se fazer alguma coisa”, atirou.
Professores universitários angolanos retomaram hoje a greve por “tempo indeterminado”, suspensa há um mês, por “falta de vontade política” do Governo em solucionar as reivindicações da classe, sobretudo em relação ao aumento salarial.
Segundo o secretário-geral do Sinpes, Eduardo Peres Alberto, a greve interpolada em 05 de abril para 30 dias, a retomada nesta segunda-feira por falta de vontade política das autoridades.
Aumento salarial, melhores condições laborais, pagamento da dívida pública e eleições dos corpos diretivos das instituições públicas do ensino superior constituem algumas das reivindicações dos professores universitários angolanos.
“Um aumento salarial de 6% foi a proposta do Presidente angolano, João Lourenço, aos professores que, no entanto, foi rejeitada em assembleia geral, onde estes aprovaram uma proposta de 2,6 milhões de kwanzas (5,2 mil euros) para o professor catedrático e 1,5 milhões de kwanzas (3 mil euros) para o professor assistente estagiário”.
O Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) angolano anunciou, em abril após a suspensão da greve, que os estudantes perderam 14 semanas letivas, em consequência da paralisação dos professores, e esperava que as divergências com os docentes fossem dirimidas.
Hoje, o MEA, que já promoveu duas manifestações em fevereiro passado pelo retorno às aulas, assegurou que vai reunir estudantes de várias instituições para “traçar linhas de força para invertermos” o atual quadro que se vive no ensino superior público em Angola.
“Vamos também marcar encontros com o Sinpes e o MESCTI para apurar realmente o que se passa e apresentar sugestões e caminhos para a resolução do problema”, rematou Francisco Teixeira.