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Angola: Nelito Ekuikui acusado “de afastar apoiantes do deputado David Mendes”

Contactado pelo jornal OPAÍS, o acusado desmentiu a existência de um processo no seu gabinete para o afastamento de alguns militantes do secretariado municipal do Cazenga

O secretário provincial da UNITA em Luanda, Manuel(Nelito) Ekuikui, está a ser acusado de pretender afastar, nos próximos dias, um grupo de militantes do secretariado municipal do Cazenga, que manifestam apoio à futura candidatura do deputado David Mendes à presidência da Câmara do Cazenga nas eleições autárquicas.

A denúncia foi feita por um dos membros, no final de um encontro que o deputado independente à Assembleia Nacional, David Mendes, manteve com um grupo de jovens do distrito do Kikolo, município do Cazenga.

A fonte, que pediu anonimato por temer eventuais represálias, informou que são mais de 15 militantes visados, entre os quais alguns com cargos de direcção, cuja confirmação de expulsão pode acontecer ainda ao longo desta semana.

O hipotético afastamento está a ser interpretado como tendo um cunho tribal, pelo facto de a maior parte dos referidos militantes serem da etnia Kongo, sendo maioritariamente do Uíge.

Segundo a fonte, que é quadro do secretariado municipal da UNITA do Cazenga, outros militantes que também manifestam apoio a David Mendes não constam na lista dos que estão na iminência de serem expulsos por serem naturais do Huambo, província de que é originário o secretário provincial de Luanda, Nelito Ekuikui.

“ Esta é a interpretação que está a ser feita, entre nós, aqui no Cazenga”, disse a fonte, que denunciou a existência de indícios de tribalismo, que admitiu poder prejudicar a UNITA no Cazenga, nas próximas eleições, caso não se tomem medidas urgentes para se extirpar este mal.

A fonte revelou que o afastamento compulsivo dos aludidos militantes ainda não se consumou por não haver matérias ou fundamentos para que isso ocorra. Disse que esta semana é decisiva para o afastamento ou a permanência dos aludidos militantes, adiantando que haverá uma reunião ao longo desta semana na qual será analisado o caso.

Intolerância política

Sobre o assunto, o deputado e futuro candidato à presidência da Câmara do Cazenga, David Mendes, lamentou a situação dos seus apoiantes e enquadrou a situação como sendo uma atitude de intolerância política.

Para o político, o possível afastamento dos seus apoiantes no Cazenga, que disse serem muitos, é o reflexo de ter abandonado o grupo parlamentar da UNITA, em finais do ano passado, realçando ter sido uma decisão que surpreendeu muita gente.

David Mendes não tem dúvidas de que a iniciativa atribuída a Nelito Ekuikui para afastar os seus apoiantes tem uma orientação expressa da direcção da UNITA, com a qual está de “ costas viradas”, desde a sua saída do grupo parlamentar.

Para uma força política que se diz democrata, segundo ainda David Mendes, é inconcebível que persiga militantes que pensem diferente e com tendência de os expulsar.

“Se na UNITA existe democracia, como se diz, gostaríamos que a sua direcção, através do secretariado de Luanda, deixassem os militantes em paz”, desafiou.

Este é o segundo caso de tentativa de expulsão que se regista no secretariado municipal da UNITA no Cazenga, depois de em Outubro de 2020 terem sido suspensos dois membros, acusados de conspiração contra o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior.

Trata-se dos militantes Eusébio Manuel e Yofino Domingos, respectivamente, que pretendiam, alegadamente, destituir o líder do partido, elegendo para o seu lugar o secretário para as Relações Exteriores, Rafael Massanga Savimbi, filho do presidente-fundador da UNITA, Jonas Savimbi.

UNITA desmente perseguição

Contactado, o acusado desmentiu a existência de um processo no seu gabinete para o afastamento de alguns militantes do secretariado municipal do Cazenga.

Em breves declarações ao jornal OPAÍS, o secretário provincial da UNITA disse que os militantes são livres de se simpatizar com quem quer que seja, esclarecendo que o que o partido proíbe é a dupla filiação, com base no que regem os estatutos.

Sobre a existência de um eventual tribalismo, discordou também desta acusação, sustentando que os secretários (titular), o adjunto, e o da mobilização do Cazenga são todos da província do Uíge, salientando que tudo não passa de mera especulação para gerar polémica que não existe, resumiu.

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