Angola: Partidos políticos e sociedade civil duvidam do “sistema de auditoria” das eleições gerais de agosto

Partidos políticos e figuras da sociedade civil em Angola consideram que a anunciada “auditoria independente” ao sistema tecnológico e ao ficheiro informático para as eleições não é suficiente para garantir a transparência do sufrágio, a menos que seja “pública e acessível” a todas as partes interessadas.

O director da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Manuel Pereira da Silva, assegurou recentemente que a solução tecnológica eleitoral ao centro de escrutínio “será objecto de auditoria externa independente por um ente escolhido no âmbito de um concurso público internacional”.

Mas o analista político Elias Isaac disse que “tem de ser um processo transparente, acessível ao público especialmente aqueles que estão interessados nesta corrida política”.

“Se as coisas forem feitas às escondidas, isso não vale a pena”, acescentou .

O deputado independente Makuta Nkondo entende, por seu turno, que “a contratação de uma auditoria ao processo não deve ser uma decisão unilateral da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) mas de todos os participantes do processo, incluindo os cidadãos eleitores”.

O secretário Nacional da UNITA para as eleições, Faustino Mumbica, também considera que a prometida auditoria “não convence”.

Para o dirigente do principal partido da oposição, “o problema reside na viciação do próprio processo de concurso e na solução tecnológica adoptada”.

Mumbica disse que “a solução adoptada” para a contagem de votos “prevê o envio das atas de pontos de despacho onde nem os presidentes das mesas, nem os representantes dos partidos políticos, nem os próprios comissários da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) estarão, pois estarão apenas os tais técnicos das empresas contratada”.

“Quem nos garante que as actas a serem enviadas para o centro de escrutínio são as mesmas que foram produzidas nas assembleias?”, interrogou-se Mumbica.

O porta-voz da CASA-CE, João Nazaré, também defende “o envolvimento na auditoria de todas as entidades interessadas no processo porque é um processo complexo e há detalhes que se não forem acautelados podem escapar e comprometer o trabalho que se quer transparente”.

Entretanto, o director geral do sector Público da INDRA, Pedro Viega, entregou nesta quarta-feira,8, à Comissão Nacional Eleitoral (CNE) as primeiras 50 toneladas de material eleitoral, proveniente da Espanha, constituídos por kits de formação e banners.

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