Angola: Polícia Nacional (PN) pretende retirar “armas de guerra” na posse das empresas de segurança privada

Polícia Nacional de Angola pretende retirar armas de guerra na posse das empresas de segurança privada até abril de 2022. Analista alerta que a “medida é importada” e põe em risco a segurança das instituições económicas. Governo angolano quer segurança privada com armas não letais.

A Polícia Nacional de Angola (PN) espera que até abril de 2022 as empresas de segurança privadas troquem suas armas de guerra por armas de proteção não letais – como bastões e aparelhos de descargas elétricas.

O comandante-geral da Polícia Nacional, Paulo Gaspar de Almeida, defende que muitas armas de fogo utilizadas em assaltos estão na posse de empresas privadas de segurança, o que levou a PN a adotar novas metodologias de combate à criminalidade.

“A criminalidade não está alheia à dinâmica do desenvolvimento positivo ou negativo das sociedades, por isso o seu combate deve estar adequado às formas e métodos como este”, esclareceu Gaspar de Almeida.

O sociólogo Walter Lopes, por outrolado, diz que, num país onde os criminosos detêm um poder de fogo considerável, a recolha das armadas de guerra em posse das empresas de segurança colocará em perigo a segurança nacional e as empresas.

Medida importada

Para Lopes, seria razoável primeiramente desarmar os criminosos, que deverão continuar com poder de fogo. “Devemos antes garantir às empresas e às instituições econômicas que os marginais não terão armas de fogo para suas ações”, argumenta o sociólogo.

Lopes adverte que não se pode “importar realidades” como a da Noruega para Angola. Para o sociólogo, as medidas de redução da violência devem ser contextualizadas em função das características criminais de cada país. “Na Noruega ou na Finlândia, as empresas de segurança não portam armas de fogo porque é muito difícil ver marginais ou pessoas normas com armas de fogo [nestes países]”, explica.

O sociólogo lembra que os países que permitem a posse ou o porte têm os usuários de amas de fogo cadastrados. “Nós temos que normalizar a segurança nacional, saber onde estão as armas, quem tem as armas e, por via disso, tomar as medidas”, defende Lopes.

Desarmamento acelerado

Com vista ao aceleramento do processo, o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, disse que o desarmamento das empresas de segurança privada merece a atenção especial da PN.

“Recomendamos que este processo seja bem organizado e controlado, para evitar que as armas recolhidas sejam utilizadas em crimes”, disse Laborinho na reunião ordinária do Conselho Superior de Polícia nesta semana.

O aumento de crimes violentos em Angola, principalmente nos bairros periféricos e no centro de Luanda levou à adoção de medidas para conter a ação de criminosos.

As estatísticas do aumento da criminalidade indicam uma conexão com o aumento da crise financeira que o país tem vindo a registar nos últimos seis anos, ou seja, desde 2016, altura em que a economia angolana estrou em recessão e houve um aumento considerável da pobreza extrema.

 

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