Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA) alerta que “fim de subsídios” vai obrigar a aumentar preços dos táxis

O Presidente da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA) admitiu que o fim dos subsídios aos combustíveis de taxistas e mototaxistas a partir de 30 de abril vai obrigar ao “reajustamento dos preços”, sem avançar valores.

Falando à Lusa a propósito da medida anunciada na quinta-feira, que ainda” está a ser digerida, Francisco Paciente admitiu que os taxistas estão “muito preocupados”, face às inúmeras dificuldades que já viviam, mesmo com o combustível subvencionado, e que vão agravar-se com a retirada do ‘plafond’ dos cartões que eram atribuídos a estes profissionais.

Táxis privados de nove lugares, conhecidos como candongueiros, e mototáxis são os meios de transporte mais baratos e populares em Angola, com destaque para a capital, Luanda onde milhares de jovens se dedicam a esta atividade.

“A situação vai piorar para o nosso lado”, lamentou o dirigente da ANATA, sublinhando que os taxistas suportam todos os custos da atividade, sem qualquer apoio do Governo, com exceção das subvenções que vão ser retiradas a partir do final do próximo mês.

Entre os impactos desta medida, Francisco Paciente destacou a necessidade de reajustar os preços “para fazer face às necessidades de gestão dos táxis” e admitiu mais falências, o que pode aumentar a escassez de táxis.

“Luanda já está com falta de táxis. Todos os dias crescem bairros novos, a demanda populacional não está a acompanhar a oferta de transportes”, observou, acrescentando que desde 2021, quando existiam cerca de 50.000 táxis em Luanda, o número tem vindo a reduzir-se “na ordem dos 35 a 40%”.

“Por isso, há cada vez mais população nas paragens”, vincou.

O Governo angolano anunciou a 01 de junho do ano passado a retirada gradual do subsídio aos combustíveis, que começou pela gasolina, mas isentando algumas atividades económicas.

Entre estas incluíam-se atividades agropastoris familiares, pesca artesanal taxistas e moto taxistas, através da entrega de cartões com um plafond diário de 7.000 kwanzas (oito euros) para cobrir o diferencial entre os 160 kwanzas (0,17euros) por litro, que custava a gasolina e os atuais 300 kwanzas (0,33 euros).

Mas segundo Francisco Paciente, os cartões nunca foram suficientes para todos os taxistas licenciados, já que só foram atribuídos cerca de 10.000.

“Muitos taxistas nunca receberam os seu cartões, outros já vão com um atraso de dois meses no que tinham a receber”, adiantou, sem precisar o universo total de taxistas licenciados em Luanda.

Sobre os próximos passos dos taxistas, Francisco Paciente disse que “não precisam de se precipitar”.

“As reformas são impopulares e nós vamos ter de nos reajustar, vamos ter de esticar o preço do táxi para continuar com a nossa operação, o povo angolano vai pagar o táxi mais caro”, disse o dirigente associativo, realçando que vão reunir-se com outras organizações e com o Governo nos próximos dias.

O objetivo é “encontrar um preço que satisfaça os interesses dos taxistas e da sociedade em geral”, afirmou.

O decreto presidencial justifica o fim das isençoes com “a necessidade de se salvaguardar os fins e efeitos da reforma dos preços dos combustíveis, prevenir distorções na formação de preços e garantir a sustentabilidade das finanças publicas”.

Em 2022, a subvenção aos preços dos combustíveis ascendeu a cerca de 1,98 biliões de kwanzas (2,17 mil milhões de euros).

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