Bispos católicos (CEAST) lamentam “corrupção gangrenosa” que se instalou em Angola após o fim da guerra civil

A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Principe (CEAST) apelou a uma reflexão “em conjunto” de todos os angolanos sobre o que “correu mal” em Angola desde a independência para se poder iniciar um processo de verdadeira reconciliação.

Num nota divulgada na quinta-feira, 9, por ocasião do aniversário 48 de independência de Angola amanhã, a CEAST começou por recordar a indepêndencia em 1975 como “o renascer das suas esperanças”, mas que “deu lugar à guerra civil com toda a babárie que se seguiu”.

A guerra resultou “na fome, miséria, deslocações da população, insegurança, improdutividade, mendicidade, desestruturação do tecido social, perda dos valores morais e éticos e tantos outros males”.

“Corrupção gangrenosa”

O fim da guerra civil em 2002 tinha sido “uma oportunidade de ouro” concedida por Deus, continua o comunicado, que acrescenta que “a corrupção gangrenosa .. drenou o país dos seus recursos oferecendo-os de mãos beijadas para o desenvolvimento de outras economias”.

Angola não tinha aprendido “as lições que se impunham para melhorarmos o modo de governar e alcançar o bem estar duradoiro para todos”, dizem os bispos que realçam depois a “pobreza e desespero” dos angolanos.

“Precisamos todos sem exceção de sentir e refletir em conjunto sobre o que correu mal, apreciar os feitos positivos que fomos capazes de realizar e iniciarmos imediatamente a reconstrução do nosso tecido social”, apela o comunicado da CEAST.

Para esse fim os bispos dizem ser necessário decidir prioridades, que são a “reconciliação nacional buscando consensos, evitando a perda de energias e de inteligêncis inutilmente”.

Para essa reconciliação, é necessário também existir uma comunicação social credível “baseada na objectividade” e que “evite a propaganda” e métodos de informação que “violando a justiça e a verdade ferem a dignidade e o bom nome dos cidadãos”.

Para a CEAST é ainda tambem necessário “o estabelecimento efetivo de um Estado democrático e de Direito, onde o primado da lei e da justiça sejam para todos sem exceção”. Bispos querem o estabelecimento de um verdadeiro Estado democrático e de Direito.

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