Desemprego e probreza extrema leva os angolanos “à corrida ao lixo”, uma luta diária pela sobrevivência

A Taxa de desemprego em Angola aumentou 2,2 pontos, para 31,9%, no último trimestre do ano passado, com 80,5% dos empregados a trabalhar no setor informal, segundo estatísticas oficiais. Desemprego bate recorde e até para se conseguir um emprego é preciso pagar primeiro, contam entrevistados.

Os números descrevem um cenário de falta de emprego cujas consequências se traduzem em fome, violência verbal e física, desintegração familiar e criminalidade.

A ausência de investimento governamental na implementação de políticas de empregabilidade está a resultar em milhares de jovens desempregados.

Para Simão Manuel Miranda, pai de três filhos, que está à procura de emprego, a situação é lastimável.

“O Governo não aposta na juventude, não aposta também nos trabalhos e as pessoas já não têm como poder trabalhar, porque o trabalho não aparece”, lamentou o faxineiro e trabalhador de recolha do lixo no município de Belas, em Luanda.

“Estão à procura do lixo para sobreviver. Tiram aquelas latas, vão vender e conseguem um dinheiro, compram pão, para dar de comer aos filhos”, explica Simão Manuel Miranda.

João Pedro, ferreiro à procura de emprego há mais de um ano, afirma que a juventude necessita de mais oportunidades no país.

“Não está fácil, está difícil mesmo. Nós estamos à procura de emprego, ainda não achamos”, conta.

“Nós queremos emprego. As autoridades desse país precisam resolver a parte do jovem. Nós ainda temos sangue fresco e também temos força para poder trabalhar e queremos emprego”, afirma Pedro.

O motorista profissional José Cardoso revela que para se conseguir muitos emprego é exigido dinheiro para serem contratados.

“O problema é que ter emprego é difícil, antes de trabalhar tem que pagar 50 mil kwanzas. Ontem eu conversei com um chefe na Costa Branca, que está fazer o novo porto de Luanda, e ligou-me a dizer que tinha que trazer 50 mil kwanzas. Essa empresa, mesmo que nós lutemos, na base dela ali no Sinfu, antes de entrar tem que pagar 50 mil kwanzas. De momento não tenho 50 mil, como é que fica?”, questiona Cardoso.

Manuel Van-dunen, de 24 anos de idade, recém-formado em Direito e à procura de emprego, menciona que há sempre algo para fazer, mas encontrar o emprego dos seus sonhos está a tornar-se bastante desafiador.

“Não, não está fácil. O emprego está muito difícil”, lamenta.

O MPLA, partido no poder, havia assumido o desafio de criar 500 mil novos empregos. A promessa estava incluída no programa de governo submetido aos eleitores a 23 de agosto de 2017.

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